Texto interromperia ajuda norte-americana à Arábia Saudita, que lidera coalizão no conflito iemenita. Medida era vista como repúdio do Congresso ao apoio da Casa Branca aos sauditas mesmo após assassinato de um jornalista
Por G1
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vetou nesta terça-feira (16) uma resolução para interromper o envolvimento norte-americano na Guerra do Iêmen. As duas casas do Congresso dos EUA haviam aprovado o texto, mas a Casa Branca sinalizava há semanas que não adotaria a medida.
A resolução faria os Estados Unidos pararem de apoiar a Arábia Saudita, que lidera uma coalizão com o governo iemenita contra os rebeldes houthis. O conflito deixou dezenas de milhares de mortos no Iêmen, país que, atualmente, vive a pior crise humanitária no planeta de acordo com a ONU (leia mais no fim da reportagem).
Foi a segunda vez que Trump vetou uma medida do Congresso desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2017. O presidente explicou porque tomou essa decisão:
“Essa resolução é desnecessária, uma perigosa tentativa de enfraquecer minha autoridade constitucional, colocando em perigo a vida dos cidadãos norte-americanos e dos bravos servidores, tanto hoje quanto no futuro”, escreveu.
À época da votação no Congresso, parlamentares aliados de Trump advertiram que as consequências da resolução iriam além da Guerra do Iêmen. “A medida pode afetar aos acordos de cooperação em segurança com mais de 100 países” disse o deputado republicano Michael McCaul, há duas semanas.
Repúdio a assassinato de jornalista
De acordo com a agência AP, o Congresso tentava sinalizar, com a resolução, um repúdio ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em outubro do ano passado, dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.
Khashoggi, crítico do regime saudita, trabalhava para o jornal norte-americano “Washington Post”. O caso estremeceu as relações do país árabe com os Estados Unidos, mas, posteriormente, o presidente Trump baixou o tom com o governo da Arábia Saudita – o que gerou críticas de aliados e oposicionistas.
Guerra do Iêmen
Arábia Saudita e aliados iniciaram os bombardeios ao Iêmen em março de 2015 para apoiar o governo iemenita contra os rebeldes houthis – representantes da minoria xiita que vive no país e que contam com o apoio do Irã, rival dos sauditas no Oriente Médio.
Os conflitos deixaram ao menos 10 mil mortos, segundo a Organização Mundial da Saúde. E, além das vítimas dos confrontos armados, outras dezenas de milhares de pessoas morreram em decorrência da fome e das doenças provocadas pela guerra.
Em dezembro, representantes governistas e dos rebeldes houthis concordaram em um cessar-fogo na cidade portuária de Hodeida – maior porta de entrada para o abastecimento no Iêmen. Porém, a violência no país continuou neste ano.