O “número dois” dos republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, assegurou hoje que a votação sobre a imigração ocorrerá na próxima semana
LUSA
Nesta sexta-feira (22), o presidente norte-americano, Donald Trump, instou os parlamentares republicanos a “não perderem tempo” com temas da imigração até as eleições intercalares de novembro e acusou os democratas de “brincarem” com um problema que não lhes interessou durante décadas.
“Os republicanos deveriam deixar de perder tempo com [temas] da imigração até que elejamos mais senadores e congressistas em novembro. Os democratas só estão brincando, não têm intenção de fazer nada para resolver este problema, que perdura por décadas”, escreveu Trump na sua conta do Twitter.
O chefe de Estado acrescentou que “assim que passe a Maré Vermelha”, em caso de não se cumprirem os prognósticos que apontam para uma provável melhoria dos resultados da oposição nas próximas eleições, os conservadores poderão aprovar “uma grande legislação”.
Todavia, apesar dos apelos de Trump, o “número dois” dos republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, assegurou hoje que a votação sobre a imigração decorrerá na próxima semana.
“Apresentaremos esse projeto de lei ao plenário”, disse o congressista, referindo-se à legislação cuja votação foi adiada devido à falta de apoio entre facções em confronto dentro do Partido Republicano.
Tal projeto de lei abre caminho à cidadania para 1,8 milhões de jovens sem documentação, conhecidos como “Sonhadores”, proíbe a separação das famílias de imigrantes, atribui 25.000 milhões de dólares à construção do muro prometido por Trump na fronteira com o México e corta outras formas de imigração legal.
O acordo, no entanto, não é do agrado de alguns ultraconservadores, assim como de alguns democratas, que consideram inadmissível atentar contra o direito à reunificação familiar.
Estas afirmações surgem depois de, nos últimos dias, ter ficado claro que os republicanos não dispõem dos votos necessários, em nenhuma das duas câmaras do Congresso, para aprovar os projetos de lei que, entre outras medidas, preveem a obtenção de verbas para a construção do muro fronteiriço.
Na impossibilidade de construir a dita proteção na fronteira sul, a atual administração pôs em xeque há algumas semanas uma polêmica política de “Tolerância Zero” para deter a imigração ilegal, que incluía a separação das crianças das respectivas famílias que entravam no país procedentes do México.
“Devemos manter-nos fortes na fronteira sul. Não podemos permitir que o nosso país seja rebaixado por imigrantes ilegais enquanto os democratas contam as suas hipócritas histórias de tristeza e pena, com a esperança de que isso os ajude nas eleições”, sustentou Trump em outra postagem.
Apesar desta acusação, a onda de críticas que tal medida lhe valeu – que chegaram inclusive de dentro do próprio partido e de membros da sua família – levou o presidente a assinar, na quarta-feira (20), um decreto para pôr fim à separação familiar de imigrantes.