Japão, Noruega e Rússia estão entre as nações que votaram contra o santuário cujo objetivo é preservar espécies e facilitar pesquisas científicas
Último Segundo – IG
A criação de um santuário de baleias no oceano Atlântico sul foi rejeitada por 25 nações durante a Comissão Baleeira Internacional, que acontece em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Segundo informações da CNN , a proposta foi recusada nessa terça-feira (11) e recebeu duras críticas de ativistas dos direitos dos animais.
O principal objetivo da criação de um santuário de baleias na região é aumentar os indivíduos das espécies nativas, tendo em vista que uma área de preservação as protegeria da severa exploração de navios estrangeiros. Além disso, a IWC também ressaltou a importância do santuário para facilitar pesquisas científicas “que não sejam letais e extrativistas”.
O primeiro país a propor o santuário foi o Brasil, que há 20 anos tenta ganhar aceitação para implementar a medida. Argentina, Gabão e África do Sul apoiaram o projeto, que foi votado durante a 67ª Comissão Baleeira Internacional, acontecendo neste ano justamente em território brasileiro.
A proposta precisava do apoio de 75% dos 89 países que fazem parte da comissão, contudo, só conseguiu 39 votos a favor, com membros como o Japão, Noruega e Rússia, além de outros 22, que se posicionaram contra a medida. Também foram computadas três abstenções.
“Queremos continuar essa batalha, essa luta, porque entendemos que estamos no caminho certo”, declarou o ministro brasileiro Edson Duarte. “Como ministro do Meio Ambiente em um país com 20% da biodiversidade mundial em suas florestas, nos sentimos altamente responsáveis pela administração de nossa riqueza, para o mundo inteiro, e isso também vale para os cetáceos ”.
A rejeição repercutiu em todo o mundo e foi condenada por diversos ativistas dos direitos dos animais e grupos internacionais de conservação. “É um grande desapontamento que – no Brasil, de todos os países – a proposta para um santuário baleeiro no Atlântico Sul foi mais uma vez derrotada pelo Japão e seus aliados”, disse Grettel Delgadillo, diretora da Humane Society International.
“É uma proposta de senso-comum, diretamente informada pelo fato de que as populações de espécies de cetáceos ainda estão se recuperando de décadas de caça baleeira sem piedade”, completou em nota.
WWF denuncia caça de baleias pelo Japão
A reunião da Comissão Baleeira Internacional foi iniciada na semana passada, quando o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) denunciou o Japão pela caça ilegal de 50 indivíduos da espécie baleia-anã em uma área protegida no Mar de Ross, na Antártida.
Chris Johnson, do programa antártico da WWF, explicou em comunicado que o Mar de Ross é uma região de proteção da vida selvagem na Antártida. “Aqueles que comemoraram a criação deste santuário oceânico ficaram horrorizados pelo massacre dos cetáceos”, declarou.
De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, o Japão se aproveitou de brechas legais e conseguiu fazer uma “caça científica” de baleias , exigindo que a Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA) tente acabar com a prática.