O Ministério das Relações Exteriores, que passou do comando de Ernesto Araújo para o de Carlos França nesta segunda-feira (29), controla cerca de 3.100 pessoas em 200 postos em 130 países –desse total, 1.547 são diplomatas.
O órgão é responsável pelas relações do Brasil com os demais países e pela participação brasileira em organizações internacionais. É também o Itamaraty que executa a política externa definida pelo presidente.
Ernesto Araújo deixou o comando da pasta após ter sido alvo de uma fritura por parte de deputados e senadores que demandavam uma mudança na condução dessa política, especialmente durante a crise sanitária.
O agora ex-chanceler foi um dos principais expoentes da chamada ala ideológica do governo de Jair Bolsonaro e acumulou um legado de polêmicas, declarações controversas e uma gestão considerada ineficaz em vários aspectos.
Até 1970, o ministério tinha sede no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, e, informalmente, passou a ser chamado pelo nome do edifício. Mesmo após a mudança para o Palácio dos Arcos, em Brasília, o costume ficou e não tardou para que o edifício projetado por Oscar Niemeyer também fosse chamado de Palácio do Itamaraty.
No Brasil, entre as principais repartições do órgão, há a Secretaria de Estado de Relações Exteriores, que abriga o gabinete do ministro, e o Instituto Rio Branco, responsável pela formação do corpo diplomático, ambos em Brasília.
O Itamaraty mantém uma rede de mais de 200 postos em 130 países. Há as embaixadas, responsáveis pelas relações bilaterais entre o Brasil e o país onde está instalada (por isso a sede fica nas capitais); as repartiões consulares, que dão assistência a brasileiros no exterior; e as missões ou delegações, credenciadas junto a organizações internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas).
No ano passado, o Itamaraty somou R$ 4,17 bilhões em despesas –R$ 65 milhões a mais do que o teto previsto. Neste ano, o ministério perdeu recursos, e houve corte de cerca de R$ 17 milhões na verba para negociações bilaterais e multilaterais após a aprovação do orçamento de 2021.
O Itamaraty foi também um dos ministérios mais afetados pelo corte decorrente do atraso na aprovação do orçamento –no mês passado, embaixadas e consulados brasileiros ao redor do mundo atrasaram o pagamento de aluguéis, contas de luz, internet e água por causa do corte nos recursos enviados. Cerca de 80% das despesas discricionárias da pasta ocorrem no exterior, grande parte em moeda forte, em um período de grande desvalorização cambial.
Linha do tempo
1821
Separação entre a Secretaria de Negócios Estrangeiros e a Secretaria de Guerra
1889
Após a Proclamação da República, a Secretaria de Negócios Estrangeiros é denominada Ministério das Relações Exteriores
1902 até 1912
José Maria da Silva Paranhos Junior (1846-1912), o Barão do Rio Branco, fica à frente do ministério. Considerado o patrono da diplomacia brasileira, teve como seu maior legado a consolidação pacífica das fronteiras do país. Formado em direito, foi deputado e jornalista antes de ingressar na carreira diplomática. Em 2010, seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria.
1945
No mesmo ano em que o Brasil torna-se um dos 51 membros fundadores da ONU, é criado o Instituto Rio Branco, responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros.
O concurso é realizado anualmente desde 1946.
2011
Em fevereiro de 2011, o Brasil é eleito para o Conselho de Segurança da ONU –por cinco integrantes permanentes com direito a veto (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) e dez membros rotativos, que cumprem mandatos de dois anos cada. Ao lado do Japão, o Brasil é o país que mais mandatos temporários cumpriu.
A próxima eleição está agendada para junho.