A embaixada da Venezuela foi invadida na manhã desta quarta-feira (13) por um grupo de simpatizantes de Juan Guaidó, líder da oposição e autoproclamado presidente do país. A Polícia Militar do DF foi chamada e utilizou spray de pimenta para conter as pessoas que estavam do lado de fora da representação diplomática e tentavam derrubar o portão para entrar no local.
A Venezuela está sem representante oficial no Brasil desde 2016, quando Nicolás Maduro retirou o embaixador em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff. Um diplomata brasileiro foi enviado ao local, junto com o batalhão Rio Branco — a tropa da Polícia Militar do Distrito Federal encarregada da segurança das embaixadas — para tentar mediar a situação.
No momento da invasão, Freddy Meregote, encarregado de negócios da Embaixada da Venezuela, disparou áudios pedindo ajuda para conter os invasores. “Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão entrando [na Embaixada], estão violentando o território venezuelano. Necessitamos de ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos”, disse Meregote, conforme apurou a Folha de S. Paulo.
A advogada venezuelana María Teresa Belandria, nomeada por Guaidó para ser Embaixadora no Brasil, divulgou uma nota informando sua versão dos fatos, na qual garante que a entrada dos apoiadores foi pacífica e autorizada pelos funcionários. Segundo ela, um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contato para informar que reconheciam Guaidó como presidente e, “voluntariamente”, abriram a sede diplomática “à representação legitimamente credenciada no Brasil”, o que foi comunicado ao Ministério das Relações Exteriores, em Caracas.
O Governo Federal não tem jurisdição sobre a Embaixada, que é oficialmente território venezuelano.
Posicionamento do governo
O governo brasileiro negou que tenha incentivado grupo de apoiadores de Juan Guaidó a invadir o prédio em Brasília e pelo menos quatro pessoas foram levadas para a delegacia. Em nota divulgada nesta quarta-feira, o Palácio de Planalto classificou como “invasão” a entrada de apoiadores Juan Guiadó na embaixada da Venezuela e negou ter tido conhecimento prévio ou apoiado o movimento de funcionários da representação diplomática.
Segundo o governo brasileiro, as providências estão sendo tomadas no sentido de que a situação se resolva de forma pacífica e para que tudo retorne à normalidade, conforme nota liberada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI):
“Diante dos fatos desagradáveis que estão acontecendo na Embaixada da Venezuela, em Brasília, esclarecemos o seguinte: – como sempre, há indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade; – o Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó; – as forças de segurança, da União e do Distrito Federal, estão tomando providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade”, destaca nota divulgada pelo Gabinete de Segurança Institucional do Palácio do Planalto.
Pouco depois da divulgação da nota, o presidente Jair Bolsonaro usou o seu perfil no Facebook para repudiar a invasão da embaixada. “Já tomamos as medidas necessárias para resguardar a ordem, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, escreveu.
Apesar da nota oficial ter sido liberada reforçando o desconhecimento do governo brasileiro sobre a questão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), líder do partido na Câmara e filho do presidente da República, apoiou em postagem no Twitter os partidários de Guaidó. “Nunca entendia essa situação. Se o Brasil reconhece Guaidó como presidente da Venezuela, por que a embaixadora Maria Teresa Belandria, indicada por ele, não estava fisicamente na embaixada? Ao que parece, agora está sendo feito o certo, o justo”.
O que ocorre até o momento
O grupo de apoiadores que reconhece Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela entrou no local de madrugada, no momento em que pessoas ainda dormiam.
A PM foi acionada e, quando chegou à embaixada, cerca de 30 pessoas já estavam do lado de fora em apoio ao corpo diplomático. Houve troca de agressão entre os manifestantes. Eles derrubaram o portão e parte conseguiu entrar. A PM usou spray de pimenta para conter os ânimos.
Por volta do meio dia desta quarta o número de manifestantes já chegava perto de 100. “Não sabemos como eles [grupo pró-Guaidó] entraram aqui pela porta de acesso e saída da embaixada. Tem um veículo que não sabemos de quem é e está dentro do território venezuelano de forma ilegal. Estamos sofrendo uma invasão. O que está acontecendo é muito grave”, contou o encarregado de negócios Freddy Flores Meregotti.
A confusão começou após um grupo de pessoas ligadas à embaixadora Maria Teresa Belandria, nomeada por Guaidó e reconhecida pelo Brasil, ocupar o local e tentar tirar funcionários lá de dentro. Pela manhã, chegou o grupo do embaixador que está ativo e tentou colocar os invasores para fora.