A questão da sustentabilidade é um ponto exigido pelo Parlamento Europeu e por alguns Estados-membros para ratificarem o acordo.”Boa conversa com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, sobre os desafios em relação à covid-19, o acordo entre a UE e o Mercosul e a necessidade de reforçar os componentes de sustentabilidade”, disse Borrell na sua conta na rede social Twitter.
A UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) assinaram o acordo comercial em 2019, após 20 anos de negociações, mas ainda não entrou em vigor e sua ratificação está paralisada porque países como França, Bélgica, Holanda e Áustria, além do Parlamento Europeu, pedem o reforço das políticas ambientais.
Existe uma particular preocupação com a política de desflorestação da Amazónia conduzida pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Diante dessa rejeição, Borrell tem defendido nos últimos meses a necessidade de procurar soluções e consolidar a presença da UE na América Latina, onde a China se tornou o segundo parceiro comercial da região, relegando os 27 para terceiro lugar.
“Não vamos esperar mais 20 anos”, disse Borrell na semana passada perante o Parlamento Europeu. Ainda nesse sentido, o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ibañez, disse hoje, em entrevista à rádio brasileira CBN, que o acordo UE-Mercosul precisa de uma declaração sobre sustentabilidade para ser ratificado.
“É um tema que causa grande preocupação dentro da União Europeia. (…) Temos discutido muito a questão da desflorestação da Amazónia e acordamos que temos de trabalhar nesse ponto de vista. Não vamos reabrir o acordo, mas sim fazer uma declaração conjunta sobre as questões da sustentabilidade e assegurar que vamos fazer todos os esforços, e a UE vai acompanhar esses esforços para proteger a Amazónia”, afirmou Ibañez.
Em declarações à CBN, o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, disse que o pacto está “ótimo” para o país e é um “passo em frente” nas questões ambientais, mas destacou a necessidade de discutir alguns pontos com os restantes membros da UE para que o acordo agrade a todos.
“Sabemos que nem todos os países estão confortáveis com a situação. Então, Portugal (na presidência da UE) está a trabalhar de perto com a UE e com o Brasil. Queremos enfrentar as questões difíceis, como é o caso da ambiental e da desflorestação. É muito importante chegarmos a um entendimento, que possa ser aceite por todas as partes, mas que não se reabra um acordo que ficou fechado o ano passado, e bem fechado”, frisou o diplomata português.