Cúpula em Taormina, na Itália, foi encerrada neste sábado
Considerada uma das cúpulas mais difíceis do G7 devido à complexidade da pauta e da divergência de opiniões entre os países do bloco, a reunião de Taormina, na Itália, foi encerrada neste sábado (27) com uma declaração conjunta sobre imigração, comércio e terrorismo, mas ofuscada com a ausência de um acordo sobre meio ambiente. O presidente norte-americano, Donald Trump, negou-se a assinar um texto com os compromissos ambientais do G7 na declaração final. O magnata republicano, que em diversas ocasiões chamou o aquecimento global de “invenção” e afirmou que as medidas ambientais prejudicavam o crescimento e a indústria, argumentou que os EUA estão revisando sua política e que, na próxima semana, dará uma resposta se cumprirá ou não o Acordo de Paris, alcançado em 2015 na COP21 e considerado o maior compromisso mundial para controlar a emissão de poluentes. A chanceler alemã, Angela Merkel, demonstrou desapontamento, afirmando que as negociações sobre o clima foram “muito insatisfatórias”. Ela e Trump, que já trocaram farpas em diversas ocasiões, decidiram cancelar suas coletivas de imprensa após o G7.
Mas, se por um lado a cúpula terminou sem a tradicional declaração do meio ambiente, desta vez contou com uma posição conjunta contra o terrorismo. Os líderes da Itália, anfitriã do encontro, Alemanha, França, Japão, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido produziram uma carta condenando atentados terroristas e ratificando seus compromissos no combate a esta ameaça.
O gesto foi visto como solidariedade aos britânicos, que na última segunda-feira (22) foram alvo de um atentado assumido pelo Estado Islâmico durante um show da cantora americana Ariana Grande em Manchester. Ao menos 22 pessoas morreram e 50 ficaram feridas. Outro ponto discutido com tensão dentro do G7 foi o comércio. Após rodadas de debate, Trump cedeu e permitiu que fosse incluído na declaração final um trecho sobre “o combate ao protecionismo”.
O texto cita a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a importância de se garantir equidade e liberdade nas operações, combatendo o “protecionismo em todas as suas formas”. A declaração final do G7, que contém apenas seis páginas, contra a média de 30 a 40 das cúpulas anteriores, também citou a possibilidade dos países adotarem “mais medidas” restritivas contra a Rússia e a Coreia do Norte. O G7 prometeu manter as sanções contra Moscou e adotar mais ações caso a Rússia viole os acordos de Minsk sobre a Ucrânia.
Já o regime norte-coreano foi ameaçado com mais sanções se continuar com os testes nucleares e de mísseis balísticos. Considerado o tema principal do G7 para a Itália, a imigração esteve no centro da cúpula logo no primeiro dia. Todos os países concordaram em defender e reconhecer os direitos humanos de cada imigrante e refugiado, mas por pressão de Trump, incluíram na declaração a possibilidade das nações “defenderem suas fronteiras” e garantirem sua segurança interna. A cidade de Taormina, que diariamente recebe dezenas de imigrantes, tinha sido escolhida simbolicamente para a sediar a cúpula e chamar a atenção para a crise humanitária. O texto final, porém, foi criticado por ONGs, que alegam que o governo do premier italiano Paolo Gentiloni não conseguiu atingir seu objetivo de criar um compromisso comum das grandes potências com os refugiados. A crise imigratória e o combate ao terrorismo também foram abordados em uma reunião paralela do G7 com países da África que receberão investimentos da União Europeia (UE).
A próxima cupula do G7 será em Quebec, no Canadá. (ANSA)