Os imigrantes na Argentina farão nesta quinta-feira (30) uma greve com um duplo objetivo: exigir a revogação do decreto de janeiro passado que endurece a Lei de Imigrações e mostrar a contribuição da força imigrante na economia argentina. Nesta tarde, os imigrantes vão se concentrar na frente do Congresso argentino para depois marcharem até a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino.
Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires
O protesto se baseia na premissa de que o decreto do presidente Mauricio Macri obstrui direitos e estigmatiza o imigrante ao associá-lo à deliquência. Através das redes sociais, hispano-americanos residentes na Argentina convocam a greve neste 30 de março. A data escolhida remete ao ano de 2006, quando um incêndio em uma fábrica clandestina de têxteis em Buenos Aires matou seis bolivianos, cinco dos quais menores de idade que trabalhavam sob regime de exploração.
Um relatório publicado em 2016 pela Universidade Tres de Febrero aponta que os imigrantes na Argentina geram cerca de US$ 1,5 bilhão à economia do país. Entre 2007 e 2011, a geração de renda através dos imigrantes oscilou entre US$ 3,9 e US$ 5 bilhões.
Segundo os organizadores do protesto, o decreto de Macri associa o imigrante ao delito e o cerco migratório incentiva episódios de violência e de xenofobia. Também acreditam que o novo pacote imigratório possa tornar-se uma poderosa ferramenta de controle social por fora da lei.