Liz Elaine Lôbo e Súsan Faria
Produção: Elna Souza
O Japão declarou estado de emergência essa semana, mas o governo não intenciona executar lockdown. O transporte público com trem e ônibus continua funcionando. A atenção, no entanto, está redobrada na capital, Tóquio, onde se registou mais de mil casos de contaminação. Tudo tem sido feito para evitar um cluster, uma infecção coletiva. O embaixador Akira Yamad10a fala sobre esse e outros temas, como as novas medidas econômica diante de uma crise, os efeitos do cancelamento das próximas olimpíadas e o atendimento consular.
Embassy- o governo japonês declarou, há poucos dias, estado de emergência para deter a propagação do coronavírus, que acelerou recentemente em algumas regiões do país, principalmente em Tóquio. A situação está mais grave, mas está sob controle?
O governo japonês declarou, em 7 de abril, o estado de emergência com base na Legislação Especial, considerando a circunstância em que haverá o risco de causar um grave impacto na vida dos cidadãos e na economia de todos devido à propagação drástica do coronavírus em escala nacional.
As medidas do estado de emergência serão tomadas nas sete províncias, incluindo Tóquio e Osaka, até 6 de maio. O estado de emergência terminará imediatamente em caso de se considerar que não é mais necessário tomar medidas, levando em conta a situação do avanço da infecção, entre outros.
Em Tóquio, o número total de infectados ultrapassou mil casos. A esta altura, está aumentando o número de casos em um o ritmo de dobrar a cada cinco dias. Conforme a projeção dos especialistas, se reduzirmos o contato físico pessoal para no mínimo 70% ou para 80% no máximo, espera-se sair do pico de aumento em duas semanas e depois reduzir o número de infectados. Com isso, poderemos não somente evitar o aumento explosivo de infectados, mas também bloquear a infecção por meio de medidas contra cluster(infecção coletiva).
Esta declaração do estado de emergência não intenciona executar lockdown, fechamento das cidades, que tem ocorrido nos países europeus e nos Estados Unidos. O transporte público com trem e ônibus continuará a funcionar. Não haverá o fechamento das ruas e tampouco haverá a necessidade, segundo os especialistas.
Embassy – Como estão as restrições no Japão devido ao coronavírus?
Até agora, o governo japonês tem solicitado aos cidadãos que evitem espaço fechado, aglomeração e contato próximo, além do cancelamento, adiamento ou redução do tamanho dos eventos de grande escala, entre outros. Com a declaração do estado de emergência, os governadores destas províncias poderão solicitar, com base na Legislação Especial, que evitem sair de casa e restringir o uso de estruturas de uso comum de certa escala tais como quadras esportivas ou estabelecimentos de entretenimento, assim como restringir a realização de eventos, entre outros.
Não haverá o fechamento de cidades com medidas coercivas de multa como lockdown que ocorreu em países europeus e nos Estados Unidos. Mesmo com a solicitação dos governadores para não sair, os cidadãos poderão sair em casos necessários para manter a vida como: ir às instituições médicas; fazer compras de itens básico realizar o trabalho que seja imprescindível; e passear ou fazer corridas para manter a saúde.
Embassy – A imprensa divulgou que o Japão estuda lançar pacote de estímulos de US$ 1 trilhão. Como será isso? As empresas japonesas vão participar de que forma?
O governo japonês anunciou a implementação das medidas econômicas em maior escala no mundo com o valor de 108 trilhões de ienes, equivalente a 20% do PIB, com o intuito de proteger o emprego e a vida do impacto grave na economia causado pela infecção do novo coronavírus.
Por meio das medidas, realizaremos a distribuição financeira de mais de seis trilhões de ienes ao total às famílias e empresários da micro, pequena e média empresa que estão sob dificuldades. Além do auxílio de 300 mil ienes para cada família, apoiaremos com firmeza a vida das famílias com muitas crianças por meio do auxílio adicional para crianças de 10 mil ienes por pessoa. Distribuiremos dois milhões de ienes ao máximo aos empresários da micro, pequena e média empresa que tiveram a queda significativa nos lucros, e um milhão de ienes aos empresários individuais. Além disso, implementaremos a moratória de pagamento no valor de 26 trilhões de ienes que inclui a redução do o imposto sobre propriedade predial e a moratória de um ano no pagamento do imposto sobre consumo e do seguro social.
Embassy- Que tipo de prejuízo o Japão terá também com o adiamento das Olimpíadas para 2021?
A respeito dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio em 2021, o governo japonês avançará firmemente nos preparativos em estreita coordenação com as repartições competentes, a fim de realizar os Jogos sem preocupações e em segurança nas datas definidas. Considera-se que há desafios como despesas adicionais devido ao adiamento. Contudo, o COI, a cidade anfitriã Tóquio e o Comitê Organizador que prepara e administra os Jogos, são os realizadores dos Jogos, assim sendo, cabe ao governo apoiar a cidade de Tóquio e o Comitê Organizador. Estamos cientes de que as organizações, principalmente o Comitê Organizador e a cidade de Tóquio, estão levando em consideração o aumento nas despesas devido ao adiamento.
Embassy – QuaL o apoio a embaixada está dando aos cidadãos japoneses residentes no Brasil, aos que precisam de documentos, de viajar? Quantos são?
Temos fornecido aos cidadãos japoneses no Brasil alertas com informações a respeito do novo coronavírus, informações sobre voos que partem do Brasil, entre outros, por meio do e-mail consular, sites e através da rede social da Embaixada do Japão, os Consulados Gerais e dos Escritórios Consulares no Brasil.
Além disso, estamos realizando uma pesquisa com os cidadãos japoneses no intuito de fortalecer ainda mais as medidas de segurança dos cidadãos e compreender com precisão as situações de cada um, entre outros. O número dos cidadãos japoneses no Brasil totalizam 51,410 pessoas, em dados de outubro de 2018.