Madrid é uma cidade de atrações culturais, mas também é uma das capitais do mundo com grande número de atrativos enogastronômicos
João Calderón
Madrid é a capital e maior cidade da Espanha, sendo desenvolvida às margens do rio Manzanares, na região central do país. Graças à essa localização, e também à sua história, a cidade é, juntamente com Lisboa, o principal centro financeiro da Península Ibérica.
Foi no reinado de Muhammad I, durante o século IX, que a cidade começou a se desenvolver, com a construção de um pequeno palácio onde hoje se encontra o Palácio Real de Madrid. Em torno deste palácio começou a se desenvolver um povoado de poucos habitantes, chamado Al- -Mudaina. E nas cercanias do palácio corria o rio Manzanares, batizado pelos árabes de “fonte de água”, Al-Majrit, justamente o nome que depois evoluiria para Majerit e, mais tarde, para Madrid.
Atrações
A capital espanhola segue aquele mesmo “joie de vivre” espanhol, de ir de bar em bar para tomar sua caña (o nosso chope), seu vinho ou seu fino (como eles costumam chamar o jerez), acompanhado de diversas tapas.
As tapas são um grande costume espanhol, para comer em pequenas porções, acompanhando a bebida. Segundo a lenda, essa tradição se iniciou quando o rei Alfonso X de Castilla se recuperou de uma doença enquanto tomava seu vinho e comia essas pequenas porções entre as refeições. Depois de recuperado, o rei ordenou que as tabernas não poderiam servir vinho a seus consumidores caso não servissem uma tapa para acompanhá-lo.
Assim como todas as grandes cidades, Madrid possui muitas atrações, e entre elas estão três excelentes museus que você não pode deixar de visitar. O primeiro deles, o Prado, conta com diversas obras, que vão desde Goya – com os seus dois famosos quadros da Maja desnuda e vestida -, passando por quadros de El Greco e Bosch, “El Bosco” para os espanhóis. O segundo, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, traz obras mais recentes, algumas dadaístas, surrealistas, e diversas de Salvador Dalí e, claro, de Pablo Picasso – dentre elas sua obra fundamental, a Guernica, um painel que retrata o bombardeio sofrido pela cidade espanhola homônima em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, por aviões alemães. Estes dois museus, ao lado do Thyssen-Bornemisza, que fica no Palácio de Villahermosa, formam o chamado “Triângulo do Ouro da Arte de Madrid” e são parada obrigatória para qualquer turista.
Hospedagem
Para começar bem a viagem, nada melhor do que escolher seu hotel apropriadamente, analisando tanto a localização quanto o conforto. A primeira opção seria o luxuoso Hotel Ritz Madrid, construído em 1910 de acordo com os desejos do rei Alfonso XIII.
Ele é um verdadeiro palácio barroco localizado no coração de Madrid, ao lado do Museu do Prado e do Parque do Retiro, um hotel tradicional para aqueles que não querem ter medo de errar. Outra opção seria o hotel Me by Meliá, localizado na Plaza de Santa Ana. É um hotel com um caráter mais butique, decoração moderna e música chill out ambiente. Uma opção para aqueles que querem dar um toque mais agitado e jovial para a viagem.
Roteiros
Já devidamente acomodado no hotel de sua escolha, é hora de sair para conhecer a cidade. Comece sua manhã caminhando pelo Parque do Retiro, criado entre 1630 e 1640, com uma área de 118 hectares. Porém, antes de começar o passeio, não esqueça de tomar café da manhã – de preferência com os tradicionais churros e chocolate quente.
Saindo do parque, já aproveite e passe pela Puerta de Alcalá, um portal por onde passavam os visitantes que chegavam a Madrid. Depois disso, também tire uma foto (tradicionalíssima) com a Fonte da Cibeles e o Palácio das Comunicações ao fundo. Clichês cumpridos, é hora de descer à Gran Via em direção ao centro, passando pela Puerta del Sol, o quilômetro zero das estradas espanholas.
Nesse momento, a fome já começará a apertar e, para resolver esse “problema”, uma opção é o Mercado de San Miguel, com diversos corners para você escolher o que desejar: tapas, frutos do mar, caviar… Um verdadeiro paraíso para os amantes da gastronomia. E, claro, sempre acompanhado por um bom vinho, já que em um desses corners você poderá harmonizar a refeição com uma boa seleção de vinhos vendidos em taças.
Devidamente satisfeitos, existem três boas opções para o fim da tarde. A primeira delas seria ir até Plaza de Oriente, onde se encontram o Palácio Real de Madrid, o maior palácio da Europa ocidental, com 3.418 quartos; o Teatro Real, a Ópera de Madrid e a Catedral de Madrid. Outra opção seria o passeio pela Plaza Mayor, uma praça retangular rodeada de edifícios por todos lados e cuja entrada é exclusivamente através de seus nove pórticos. Por fim, a terceira e última sugestão – especialmente se for um belo dia de sol, o que não é muito difícil em Madrid – é terminar a tarde na Plaza de Santa Ana, para tomar uma cerveja ou um vinho acompanhado das boas e tradicionais tapas. Estando na Plaza de Santa Ana, a melhor opção – segundo ADEGA e também Ernest Hemingway, um habitué da casa – é a Cervecería Alemana. Uma vez lá, você deve, claro, comer os seus “callos a la madrileña”, a dobradinha de Madrid.
Madrid Gourmet
Essa parte está reservada para os amantes da boa gastronomia e que sempre guardam um espaço, ainda que pequeno, para comprar gourmandises ou experimentar refeições verdadeiramente inesquecíveis. O mercado de San Miguel poderia muito bem se encaixar nesse passeio, porém existem algumas outras opções.
Começaremos por alguns dos restaurantes essenciais de Madrid. O primeiro deles é “simplesmente” o restaurante mais antigo do mundo, o Botín, um verdadeiro benchmark da cozinha tradicional de Madrid. Entre suas especialidades estão o cochinillo e o cordeiro assado. Outro dos tradicionalíssimos da capital espanhola é o Café Gijón, que abriu suas portas em 1888 e já abrigou muitas personalidades da literatura hispanófona, como Frederico Garcia Lorca, Pablo Neruda e Camilo Jose Cela.
Além dessas dicas, existem ainda outros três restaurantes, dos quais pelo menos um deles pode ser “guardado” para o último jantar de sua viagem, para fechá-la com chave de ouro. O primeiro é o restaurante Viridiana, do chef Abraham García, que elabora sua carta a partir de pratos mais tradicionais, porém sempre com toques de produtos da época, além de algumas fusões com ingredientes do Novo Mundo. A segunda opção para sua despedida de Madrid pode ser o restaurante Sant Celoni, do recém falecido chef Santi Santamaria. Ele tem uma cozinha para ser degustada com todos os sentidos, valorizando as propriedades de cada ingrediente, além de uma carta de vinhos com mais de 600 referências. Por fim, a terceira e última dica é o La Terraza del Casino, que conta com a assessoria de Ferrán Adriá e é chefiado por um de seus principais pupilos, Paco Roncero. O restaurante também possui uma bela carta de vinhos, em que você poderá, por exemplo, “elegir” um Vega Sicilia 1981 para harmonizar com seu jantar.
Compras gastronômicas
Após um desses magníficos jantares (em qualquer um dos estabelecimentos citados), é hora de fazer as últimas compras. Uma das lojas para se conhecer é a Bodega Santa Cecília, com vasta gama de vinhos, em sua maioria espanhóis, como o Alto P.s. 2006, um Alión também de mesma safra ou um Protos Reserva 2005, todos eles com preços daqueles que dão vontade de comprar toda a loja. Outra passagem obrigatória é pelo Patrimonio Comunal Olivarero, que possui óleo de oliva extra virgem de todas as regiões espanholas, e a loja La Boulette, que provavelmente possui o maior acervo de queijos de Madrid, com mais de 400 variedades do produto, além de uma grande seleção de charcuterie. Caso seu tempo esteja curto, você também pode escolher passar pela maior loja de departamento da Espanha, o El Corte Inglés, também com uma boa seção de vinhos e produtos gourmets.