Ação da Câmara Árabe-Brasileira, em parceria com a ApexBrasil, vai expor às empresas interessadas em expandir sua atuação para o mercado Halal global. Hoje o Brasil é dos principais fornecedores destes produtos. Leia ainda a entrevista com Silvana Schefflel Gomes, diretora de Marketing e Conteúdo da CCAB.
A cidade de Belém, no Pará, vai sediar nesta terça-feira, o workshop “Como o Halal impulsionará a internacionalização de sua marca”, às 8h, na Federação de Indústria do Pará, FIEPA. Por meio do Projeto Halal do Brasil, promovido pela Câmara Árabe-Brasileira (CCAB) estão sendo realizados Roadshows pelo Brasil para apresentar a iniciativa a empresas interessadas em expandir sua atuação para esse mercado global.
Na programação desse próximo workshop, as temáticas apresentadas serão: Introdução ao Halal – O que é o Halal; o Halal no mundo contemporâneo; O mercado mundial Halal; Proposta do Projeto Halal do Brasil; Como o projeto Halal do Brasil pode ajudar a sua empresa a acessar o mercado global Halal e a Plataforma Vamos Exportar. Aqueles interessados em participar do evento ainda podem se inscrever no https://bit.ly/3ONv31X
Em entrevista exclusiva à Agencia de Notícias Embassy, Silvana Scheffel Gomes, diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe-Brasileira, fala das ações da entidade pelo Brasil para preparar, desmistificar e apoiar a entrada de novos produtos no mercado halal mundial. Scheffel fala que a CCAB acredita do atendimento da demanda do consumidor mulçumano. Para ela, o Brasil tem grande potencial, sendo uma das metas do Projeto Halal Brasil a de novas certificações para 50 novas empresas ao longo de 30 meses da iniciativa. Segundo Scheffel, a indústria brasileira halal participa bem desse mercado mundial, sendo um dos principais fornecedores. “Nossa intenção é gerar negócios para indústria em geral”, garante. Leia a integra da entrevista com Silvana Scheffel Gomes.
De que forma o Projeto Halal do Brasil, por meio de palestras, workshops, Road Shows, pretende-se disponibilizar as informações necessárias?
Primeiro nós gostamos de frisar que são valores mulçumanos, ele que visa a certificação halal porque é o consumidor que demanda no final, ele que certifica para seu próprio bem estar. No ano passado apresentamos o projeto pela primeira vez com seu hall de atividades e, no primeiro semestre de 2023, uma série de Road Shows com a finalidade de trazer para as empresas uma primeira informação sobre o projeto que é o halal, o que estas necessidades do consumidor mulçumano, a necessidade desse mercado. Então foram precisos três evento em Minas Gerais, em Belo Horizonte, Uberlândia e Pouso Alegre. A gente encontra ali muita indústria de doces, balas, lácteos, de alimentos industrializados em geral e que tem o perfil desejado para esse estrangeiro. Então foram os primeiros workshops informativos e também trazendo as oportunidades de promoção comercial abraçada pelo Projeto Halal do Brasil que subsidia bastante as participações nas feras e exposições. Primeiro a desmistificação do que é o halal.
Fizemos já também um Road Show em Jundiaí. Neste segundo semestre vamos participar das ações de promoção comercial. Queremos deixar os primeiros para mais conteúdo. Em agosto, vamos fazer um treinamento online que vai ser com informações mais detalhadas com os requisitos que a empresa precisa atender, uma informação mais técnica e preparatória. Daí já se vê a possibilidade de se abrir um edital onde as empresas possam se inscrever para receber o apoio financeiro para quem tem certificação halal. Nosso projeto apoia as empresas até 50 por cento do valor da primeira certificação, para a facilitação das plantas. Então, assim, a gente concluir a fase de treinamento. As empresas já vão poder se inscrever para obter apoio para se certificar.
Quantas novas empresas poderão estar preparadas para fornecer o produto halal?
A nossa meta de novas certificações halal é de 50 novas empresas certificadas ao longo dos 30 meses do projeto. Porém as já certificadas podem participar das feiras e dos eventos de promoção comercial. Em média temos 10 empresas participantes das feiras e 15 das missões. Há empresas que preferem estudar o mercado antes de participar de um evento que tem maiores custos. Eu diria que nós podemos atender mais de 50 empresas nas nossas ações de promoção comercial.
Empresas do setor de alimentos e bebidas interessados em se qualificar para agregar valor a seus produtos, com foco na exportação para o mercado árabe-islâmico, terão a oportunidade de participar dos Road Show Halal do Brasil.
Vocês conseguem dar esse apoio, auxiliar todas essas empresas?
Sim, na verdade nós contamos com o apoio de parceiros, técnicos desse projeto que são as certificadoras halal e que assessoram o projeto no atendimento técnico às empresas. É uma parceria que incluem vários terceiros também, especialistas neste mercado.
E qual é o volume que o mercado brasileiro poderá ser aberto com esses produtos, dentro das exigências mulçumanas?
Nós temos um volume de produtos no mundo que gira em torno de 2 e 3 trilhões de dólares, de bebidas e comidas. Hoje a proteína brasileira halal participa bem desse mercado. É um dos principais fornecedores. Nossa intenção é gerar negócios para indústria em geral. É um mercado que a gente está abrindo mesmo para as empresas e que tem aí esse potencial. Vamos ver se as empresas alcançam uma boa participação considerando que é um mercado crescente. A gente tem aí mais de 10 por cento de crescimento ao ano. Portanto, além do consumo já existente, abre-se a oportunidade para um mercado nascente.
Esse crescente mercado halal é somente para o mundo mulçumano?
A gente tem alguns mercados prioritários dentro do Projeto Halal do Brasil que são os 22 países árabes, Malásia, Indonésia e mais dois mercados que a gente pretende realizar ações que são de projeção de imagens do produto certificado brasileiro. Então a Alemanha e França porque justamente as maiores feiras de alimentos do mundo ocorrem lá. A gente tem consumidores mulçumanos em todas as partes do mundo, como exemplo a África do Sul que é também um mercado onde realizaremos ações, onde cem por cento da população que é mulçumana, mas que é responsável por 45 por cento do consumo de bebidas e alimentos do país. É um case interessantíssimo do potencial dessa população. Assim, também nos temos mulçumanos nos Estados Unidos, na França, no Reino Unido, bastante. Então com esta projeção de imagem que o Projeto Halal Brasil proporciona por acabar entrando em outros mercados, alcançando esse consumidor.
Existe algum produto prioritário para exportação?
Com a preocupação com os alimentos de segurança alimentar nos países árabes e em diversos outros, eu diria que nosso projeto consegue atingir bem uma diversidade de produtos. Aliás, um dos nossos objetivos é diversificar essa pauta de exportação, trazer mais produtos. A gente já tem um case de sucesso consolidado com proteína halal e o nosso papel aqui é trazer os sucos, os doces, os pães, as massas, os lácteos; uma diversidade de produtos que o Brasil tem potencial, grande capacidade produtiva. Tem um diferencial também, um marketing muito bom das marcas brasileiras e a gente só precisa fazer umas adequações para atingir o mercado e ter muito sucesso.
Como vem sendo a aceitação dos embaixadores, os representantes de muitos países no Brasil?
Diplomatas todos muito comprometidos em ter resultados bastante expressivos de entrada de novas marcas brasileiras no mercado auges dos projetos, porque além de ser uma oportunidade para as empresas brasileiras de internacionalizarem em um mercado que é 25 por cento da população global.
Também é para os países árabes uma oportunidade de terem uma diversidade de alimentos em sintonia com os valores mulçumanos. Então o projeto contribui muito neste sentido de preparar as empresas para atenderem esse mercado, de fazer as adaptações necessárias nos produtos e nas plantas. Lembrar que dá uma segurança de atendimento da demanda do consumidor mulçumano. Então nós acreditamos em toda oportunidade, a contribuição que as embaixadas possam estar dentro do projeto, nos incrementos de todas as informações dos países árabes por meio deste instrumento que é o Projeto Halal do Brasil.
O Projeto Halal do Brasil tem apoio também no exterior?
A Câmara Árabe tem seus escritórios internacionais com sua estrutura própria, no Egito e em Dubai. Fora isso, a agente tem o apoio de toda a rede Apex do Brasil que nos ajuda no sucesso do projeto. A gente conta com as embaixadas brasileiras no exterior, assim como instituições representativas desses setores nesses países. São muitos parceiros trabalhando em prol do projeto. Nossa próxima iniciativa que é na Malásia, a gente já vem conversando com instituições locais e também com a embaixada brasileira. Realizamos uma estratégia de promoção que não são só as feiras. Uma que vamos fazer no mês de setembro, de 12 a 15, mas contar também com esse mercado de empresas predispostas a irem pela primeira vez este ano e nos anos seguintes dar continuidades a este trabalho.
Parceria com a Apex? Com ela está dando um apoio ainda maior para a Câmara Árabe?
É uma instituição bastante consolidada que tem como finalidade instrumentalizar o acesso das empresas ao mercado externo e nós temos uma relação com eles de mais de 20 anos extremamente positiva. Eu diria que a parceria não poderia estar melhor.
Hoje nós temos 28 empresas apoiadas pelo projeto. Em eventos promovidos por nós já tivemos mais de 350 empresários brasileiros sensibilizados durante workshops e palestras. Nós temos feito mais acompanhamento com as empresas potenciais, as que realmente a gente tem uma ideia das que se interessam em workshops, como o que vamos fazer no Pará. Fazemos uma sensibilização antes de um treinamento que vai ser em agosto. Queremos desmistificar mesmo; há muito desconhecimento sobre o tema.