Fabio Porta é o eleito deputado em vaga reservada à América do Sul
O reconhecimento da contribuição que as comunidades italianas no exterior podem dar ao crescimento e desenvolvimento da Itália, bem como melhorar os serviços consulares em qualidade e quantidade. Esse será o objetivo do deputado Fábio Porta (PD) eleito em setembro, para uma vaga do parlamento italiano como representante da América do Sul. O político afirma ainda que dará atenção especial à classe empresarial.
Ex-senador na Itália Fabio Porta garantiu novo mandato no parlamento do país, desta vez como deputado na disputa pela Câmara, conquistando uma das duas vagas destinadas ao continente sul-americano. Ele foi o mais votado da coalizão de centro-esquerda liderada pelo Partido Democrático, com 22.436 votos. A outra vaga ficou com um representante argentino, Franco Tirelli, que obteve 44.468 votos. Fabio Porta nasceu em Caltagirone, na Sicília; e graduado em sociologia na Universidade “La Sapienza” de Roma e, desde 1995, vive e trabalha no Brasil. Em entrevista exclusiva à Agência Embassy de Comunicação, Fábio Porta fala de suas ideias e de seus projetos para a próxima legislatura.
Qual a importância de os países sul-americanos terem representes das comunidades italianas no parlamento italiano?
A comunidade italiana da América do Sul é, por número de descendentes, a maior do mundo. Isso, por si só, é motivo suficiente para explicar a enorme importância de ter representantes deste continente no Parlamento italiano. Mas a importância não é simplesmente quantitativa; esta grande comunidade construiu mais de um século de relações culturais, sociais e comerciais de imigração de interesse extraordinário, capazes de dar à Itália um papel natural e estratégico em uma região do mundo rica em recursos e matérias-primas. Uma oportunidade única, um capital humano para ser mais valorizado, em interesse mútuo.
Quais serão os principais desafios que senhor terá como deputado?
O principal desafio para um deputado eleito no exterior, especialmente na América do Sul, é transmitir às instituições italianas e, portanto, a todo o país a grandeza e especificidade da contribuição que nossas comunidades no exterior podem dar ao crescimento e desenvolvimento da Itália. Um desafio que precisa de seriedade, competência e continuidade; só assim seremos capazes de alcançar o principal grande objetivo que todos os representantes eleitos no exterior devem ter como prioridade: considerar os italianos no mundo para as partes daqueles que vivem dentro das fronteiras nacionais e, de fato, compreendê-los como um recurso extraordinário e irrepetível para o futuro da Itália!
Qual a inciativa, a primeira ação que os senhores deverão tomar para apoiar estas comunidades italianas no exterior?
O primeiro grande evento nas próximas semanas será a aprovação da “lei orçamentária”, a principal lei do Estado que determina as despesas e investimentos da Itália no próximo ano e, em parte, no futuro. Nossos compatriotas no exterior precisam de melhores serviços consulares em qualidade e quantidade. Para alcançar esse objetivo, mais recursos são necessários e me comprometerei a identificar nesta lei ferramentas e recursos para permitir que os consulados melhorem o nível e a velocidade de seus serviços, dando continuidade a um trabalho já iniciado em legislaturas anteriores.
Quais as propostas que o senhor tem para os italianos e seus descendentes no Brasil?
Durante a campanha eleitoral discuti e propus com meus eleitores: além da melhoria dos serviços consulares, há também o tema da promoção da língua e da cultura italiana no exterior, fundamental para tornar a relação da Itália com suas comunidades no mundo mais forte e constante; em seguida, o “turismo das raízes”, para permitir e incentivar o retorno das novas gerações de italianos no exterior nas pequenas aldeias italianas, aquelas das quais nossos emigrantes partiram. Atenção especial deve, então, ser dada à chamada “Comunidade Empresarial”, a rede de empreendedores italianos e “itálicos” que encontra um importante ponto de referência nas Câmaras de Comércio. Finalmente, meu projeto de lei sobre ensinar a presença italiana no mundo e sobre a migração nas escolas italianas, para promover a cultura de inclusão e melhorar plenamente nossas comunidades no mundo.
Como o senhor vê a redução das vagas de ítalo-brasileiros no parlamento italiano?
Eu me opus a reduzir o número de parlamentares e ainda mais aos eleitos no exterior. Os italianos no mundo com direito a voto foram três milhões em 2006, quando a votação foi realizada pela primeira vez no círculo eleitoral estrangeiro. Nas últimas eleições, há algumas semanas, esse número dobrou, estávamos quase seis milhões. O número de representantes eleitos no exterior, por outro lado, aumentou de dezoito para doze, o que torna cada vez mais difícil e complexa a relação entre eleitos e eleitores. Na América do Sul passamos de seis para três parlamentares, uma redução de 50% que penaliza a todos, especialmente a grande comunidade italiana no Brasil. No que me diz respeito, isso significará trabalhar cada vez mais para honrar essa grande responsabilidade.
Em Brasília a Casa d`Italia foi abandonada e depois demolida. O que o senhor pretende fazer por estas instituições e pela divulgação da cultura italiana?
Este caso me doi muito. Não acredito que tudo isso tenha acontecido e que isso tenha acontecido sem que as instituições italianas se opusessem adequadamente. Estive mais de uma vez na Casa d’Italia em Brasília e tenho uma bela e comovente lembrança dessas visitas e encontros. No entanto, tenho certeza de que a comunidade italiana de Brasília será capaz de encontrar a melhor maneira de resgatar essa ferida e promover novas iniciativas para dar à Itália o espaço e a visibilidade que merece na capital do país onde vive a maior comunidade de ítalo-descendentes do mundo. Estarei ao seu lado nesta batalha!