Empresas e mercados, com raras exceções, não se arriscam a abrir as portas nesta quarta-feira (14) na cidade de Durban. Estão faltando produtos, funcionários e há longas filas nas portas. Com os comércios saqueados nos últimos dias e caminhões com mercadorias incendiados em várias cidades, parte da população já enfrenta dificuldades para comprar comida. Muitos desses veículos carregavam mercadorias para abastecer supermercados.
Hospitais e postos onde vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas também não funcionam como deveriam já que muitos trabalhadores não estão conseguindo chegar ao trabalho, pois não há transporte público circulando nas ruas das cidades onde está havendo protestos.
Até terça-feira (13) à noite, 1.234 pessoas haviam sido presas pela polícia, acusadas de envolvimento nos protestos e saques, que terminaram, também, com a morte de 72 pessoas, segundo as autoridades. Pelo menos 113 torres de telecomunicações foram vandalizadas nos tumultos que continuam na África do Sul pelo sétimo dia consecutivo. A violência, saques e incêndios criminosos no país resultaram na interrupção dos serviços de comunicação e no encerramento de rádios comunitárias.
As manifestações contra o governo começaram, na sexta-feira (9), conduzidos por apoiadores do ex-presidente sul-africano Jacob Zuma, preso na semana passada, aos 79 anos. Ele é considerado um herói por muitos negros por ter lutado ao lado de Nelson Mandela contra o apartheid, regime de segregação racial que vigorou no país até o início dos anos 1990, Zuma foi presidente da África do Sul entre 2009 e 2018, período em que viu seu idolatrado nome passar a estampar manchetes sobre escândalos de corrupção. Ele venceu duas eleições, mas não terminou o segundo mandato.
Zuma, a época, foi alvo de quase 20 processos e terminou sendo forçado pelo partido Congresso Nacional Africano (o mesmo de Mandela) a renunciar ao cargo, tendo sido sucedido pelo vice, Cyril Ramaphosa, atual presidente do país. Ele recebeu uma pena de 15 meses de prisão por não ter prestado esclarecimentos a uma comissão judicial que investiga denúncias graves sobre um esquema de corrupção no governo dele. A investigação ficou conhecida como a “captura do Estado”. A decisão de mandar prender o ex-presidente foi do Tribunal Constitucional, a corte mais alta da África do Sul.