Esqueça a taça, o saca-rolhas e use as latinhas! E não perca seu tempo se exibindo ou fazendo análise sensorial do vinho envasado em latas, procurando aromas de flores brancas, de lichia, de pimenta preta ou de pimentão. Beba-o sem preconceitos.
Mudança de paradigmas! Conheci os vinhos em latinhas na feira Vinum Brasilis que aconteceu em Brasília em 2018. Gostei! De lá prá cá, tenho acompanhado esse mercado e vejo que está crescendo aqui no cerrado brasileiro.
Os vinhos em latinhas estão seduzindo os consumidores mais jovens, aqueles que ainda não estão ligados ao glamour associado ao consumo do vinho. Trazem embalagens práticas e descontraídas em latinhas de alumínio, visando atrair a atenção do público mais jovem. São vinhos simples, ideais para serem consumidos em baladas, festas descoladas, praias, piscinas, clubes, enfim, consumidos em qualquer lugar.
Isso mesmo: Vinhos em latinhas! Uma realidade na Califórnia/EUA há mais de 15 anos. Por exemplo, vinho espumante Sofia Copolla Blanc de Blancs em embalagem delicada com 4 latinhas, prática e fácil de carregar. Imaginem se teria esse nome estampado na embalagem se fosse vinho ruim? Em supermercados nos EUA, é comum encontrarmos prateleiras inteiras com opções de vinhos tranquilos e vinhos espumantes em latinhas. Uma realidade!
No Brasil, a Vivant Wines, no Rio de Janeiro, foi a primeira brasileira a envasar os vinhos nas latas. Seu objetivo é descomplicar o consumo de vinho nas versões branco, rosé e tinto. A Sommelière da Evino, Stephani Vaz, diz que o vinho “rosé em lata da Vivant é para aqueles que curtem brindar sem preocupação, sem tabus.”
Ainda no Brasil, da Vinícola Giaretta, em Guaporé/RS, surgiram os “Ovnihs”, vinhos espumantes em latinhas. Mas porque Ovnih? É um trocadilho com a palavra VINHO: Hniov, Novhi, Inovh e Ovnih, uma sigla que corresponde a “Objeto Vinífero Não Identificado”. Seus, produtores dizem: “Fazemos diferente e queremos apresentar aos terráqueos bebidas como nunca viram, para fazer de qualquer hora um momento de outro mundo.”
Da Austrália, podemos encontrar aqui no Brasil latinhas da Barokes Wines, cujo slogan é “vinho ecologicamente correto, até na embalagem.” Informa ainda que “As bebidas em latas permanecem mais frescas e com uma vida útil significativamente mais longa, e provam manter mais o sabor e o frescor, evitando também fatores que causam deterioração do vinho, como oxidação ou gosto de rolha.”
De fato, as embalagens em latas de alumínio veem para desmistificar o ritual do consumo do vinho, pois são mais práticas que o vidro: mais leves, não quebram, gelam mais rapidamente, preservam melhor as caracteristicas do vinho ao impedir a incidência de luz e são indicadas para consumo na própria embalagem. Além disso, são facilmente recicladas, sem que ninguem tenha que se preocupar com a logística reversa.
Em 2019, segundo a Ideal Consulting o consumo de vinho no Brasil por adulto foi de 2,13 litros. As vinícolas estão se modernizando para aumentar este número. E a venda de vinhos em latas promete este aumento, já que os vinhos de guarda vão envelhecer por vários anos nas garrafas e farão, naturalmente, a micro-oxigenação com o meio ambiente através das rolhas de cortiça natural. Mas os vinhos jovens, podem ser envasados em latas de alumínio. Acredito que serão vistas com mais tolerância. Acredito, ainda, que o Brasil siga o mesma tendência do mercado norte americano, onde o vinho em lata é uma realidade e não um modismo passageiro. Parece-me ser o futuro dos vinhos descontraídos, festivos e de consumo imediato.
Tim-tim!
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Eu, particularmente, não provei o vinho em latinha, mesmo porque como Reikiana, em plena atividade, não me é dado o luxo de consumir álcool.
Todavia, em que pese minha compreensão quanto a necessidade de modernizar, abrir o mercado de vinho para o público jovem e “descomplicar” o seu consumo para esse grande mercado, entendo que a ausência do glamour é uma perda inestimável. A ritualística que acompanha beber um vinho, em minha geração, é linda por demais, desde a análise do rótulo, embalagem, da peça adequada para abrir o vinho e todo ato daí decorrente, passando, necesariamente, por mãos, via de regra, masculinas, ágeis e elegantes abrindo ou servindo o vinho, a análise do aroma, sua arte no copo, além, claro, da experiência particular do paladar.
Enfim, que cresça o mercado junto a este público e que esta juventude amadureça como um bom vinho e venham descobrir o prazer de se tomar vinho à moda antiga!!
Tim Tim Mestra!!!