Apoiadores do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, protestaram neste sábado (13) contra um relatório em que uma agência da ONU exige o fim das violações de direitos no país. O documento foi publicado após uma visita da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.
“O nosso povo rejeita em cada uma das seus partes esse relatório apresentado pela senhora Bachelet e condena a atitude hipócrita, condena a atitude submissa, condena a atitude de cúmplice da senhora Bachelet”, declarou o homem considerado o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, que liderou a mobilização.
Relatório da ONU
O relatório apresentado por Bachelet na semana passada pede que Maduro pare com as graves violações de direitos na Venezuela.
O documento denuncia que, especialmente desde 2016, o regime de Maduro e suas instituições iniciaram uma estratégia “orientada a neutralizar, reprimir e criminalizar a oposição política e quem critica o governo” com detenções arbitrárias, maus tratos e torturas.
Entre outros graves fatos, o documento relata mais de 6.800 execuções extrajudiciais por parte das forças de segurança venezuelanas entre janeiro de 2018 e maio de 2019.
Para os governistas, o relatório apresentado por Bachelet, que visitou a Venezuela em junho para constatar a situação de direitos humanos, foi redigido pelo enviado dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams.
O presidente Nicolás Maduro não participou da manifestação, mas celebrou, através de sua conta no Twitter, as mobilizações, que chamou de “extraordinárias”. Entre os manifestantes, estavam funcionários públicos e representantes de movimentos chavistas, que pediam a Bachelet que não se deixasse “manipular” pelo “império”.
“Nada do que diz esse relatório é a realidade que estamos vivendo”, disse Gregoria David, uma das encarregadas da equipe de distribuição do programa de alimentação do governo, conhecido como CLAP.
Oficial torturado e morto
Há duas semanas, Bachelet pediu uma investigação independente, imparcial e transparente sobre a morte do capitão venezuelano Rafael Acosta, que estava sob custódia do governo, que o acusava de conspirar para assassinar Nicolás Maduro.
O documento indica que há ao menos 793 pessoas privadas de liberdade, entre elas 58 mulheres, e que 22 deputados da Assembleia Nacional, inclusive o presidente da Casa, Juan Guaidó (que, em janeiro, se autoproclamou presidente da Venezuela), perderam a imunidade parlamentar.
Segundo o relatório, frente a esses abusos, são poucas as pessoas que apresentam denúncias por medo de represálias ou falta de confiança no sistema judicial.
O documento também detecta uma degradação da liberdade de expressão, com uma tentativa, por parte do governo, de impor sua própria versão dos fatos e criar um ambiente que restringe os meios de comunicação independentes.
“Peço a todas as pessoas com poder e influência, tanto na Venezuela como no resto do mundo, para que colaborem e firmem os compromissos necessários para resolver essa crise que está arrasando tudo”, diz Bachelet no texto.