O acordo da ONU com a Venezuela para a ajuda humanitária marca uma mudança da posição do governo do ditador Nicolás Maduro
Notícias ao Minuto Brasil
A Organização das Nações Unidas liberou US$ 9,2 milhões (R$ 36 milhões) em ajuda humanitária para a Venezuela, a primeira alocação do tipo para mitigar a crise no país latino-americano.
O acordo da ONU com a Venezuela para a ajuda humanitária marca uma mudança da posição do governo do ditador Nicolás Maduro, que vinha recusando ajuda internacional e negando que haja crise, apesar da situação de hiperinflação, falta de produtos básicos e insegurança alimentar.
Em setembro, na Assembleia-Geral em Nova York, Maduro disse que a crise humanitária no país era uma invenção para justificar uma intervenção dos Estados Unidos no país. A ONU calcula que 1,9 milhão de pessoas deixaram a Venezuela desde 2015. O regime de Maduro considera que as cifras são um terço disso.
O dinheiro será usado para programas de assistência nutricional. Segundo o Fundo de Resposta Emergencial Central (Cerf, na sigla em inglês) da ONU, o foco será ajudar crianças de até cinco anos, grávidas e lactantes e venezuelanos vulneráveis em comunidades de fronteira.
Procurado pela agência Reuters, o Ministério de Informação da Venezuela não comentou sobre a liberação de verbas para ajuda humanitária pelas Nações Unidas. Parte das verbas vai para ajudar venezuelanos nos estados de Apure, Táchira e Zulia, na fronteira com a Colômbia, país que mais recebeu venezuelanos desde o início da crise -cerca de 1 milhão, segundo estimativas.
Quase 70% das crianças venezuelanas de até cinco anos estão desnutridas, sendo 15% delas em um quadro agudo, segundo dados de quatro Estados do país obtidos pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e divulgados em fevereiro.
Em um relatório de mais de 200 páginas, a comissão destacou que a situação da Venezuela é alarmante e gravíssima. Segundo os dados, quase 80% dos venezuelanos afirmaram ter perdido peso involuntariamente em 2016: 8,7 kg em média, segundo uma pesquisa conduzida por universidades do país.
A escassez de alimentos e de remédios tem levado a população a fugir, em um dos maiores êxodos da história da América Latina. Cerca de 5.000 pessoas deixam a Venezuela por dia atualmente, segundo estimativas do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).
Só a Colômbia recebeu mais de 900 mil imigrantes fugindo da crise econômica e política no país vizinho. No Peru, foram mais de 400 mil. Equador, Chile e Argentina também estão entre os destinos, assim como Estados Unidos.
No Brasil, foram mais de 100 mil venezuelanos nos últimos três anos, e somente Roraima totalizou 75.500 solicitações de regularização desde 2015. A sobrecarga de cidades como Boa Vista e Pacaraima, na fronteira entre os dois países, tem levado a confrontos entre a população local e os imigrantes.