A Comissão Europeia pediu nesta segunda-feira (20) ao Brasil que retire imediatamente da lista de estabelecimentos autorizados a exportar para a União Europeia os frigoríficos envolvidos no escândalo da carne estragada revelado pela “Operação Carne Fraca”, da Polícia Federal.
A medida foi anunciada pelo porta-voz da Comissão Europeia, Enrico Brivio. “Pedimos ao Brasil que elimine de imediato todos os estabelecimentos envolvidos no escândalo da lista aprovada pela UE”, declarou. A UE também pediu ao Brasil que suspenda “a certificação desses estabelecimentos durante o processo de exclusão da lista”, acrescentou. De concreto, dos 21 frigoríficos envolvidos no escândalo da “Carne Fraca”, quatro tinham permissão de exportar para os 28 países do bloco europeu.
A PF brasileira revelou na sexta-feira (17) o esquema de pagamento de propinas desses frigoríficos a inspetores sanitários para autorizar a venda de alimentos não apropriados para o consumo. Mais de 30 pessoas foram presas até o momento, três frigoríficos foram fechados temporariamente e 21 se encontram sob investigação. Entre os suspeitos, figuram empresas como JBS, BFR e Peccin, pesos pesados do setor do país, o primeiro exportador mundial de carne bovina e avícola.
Nesta segunda-feira, o principal sindicato de agricultores europeus, Copa-Cogeca, também pediu que sejam garantidas as normas de segurança da União Europeia nas negociações em curso com os países do Mercosul, ao expressar sua preocupação com o escândalo da carne brasileira. Em um comunicado, o secretário-geral da organização, Pekka Pesonen, declarou que o bloco sul-americano não tem os mesmos padrões de segurança que a União Europeia, dando como exemplo “o caso do Brasil”, e pediu a Bruxelas que alcance “acordos justos e equilibrados sobre a agricultura em qualquer acordo comercial” para não comprometer os padrões de segurança europeus.
A questão da carne é um dos temas sensíveis nas negociações entre o bloco europeu, por um lado, e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), do outro, para alcançar um acordo comercial cujas primeiras conversações remontam a 1999 e foram retomadas em 2010, depois de um intervalo de vários anos. Alguns países da UE, entre eles a França, já expressaram suas reservas pelo impacto no setor agrícola deste acordo comercial.
(Com informações da AFP Brasil)