Nesta quarta, o governo venezuelano declarou Martin Kriener “persona non grata” e deu 48 horas para que ele deixasse o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A União Europeia (UE) lamentou nesta quinta-feira (7) a decisão do governo de Nicolás Maduro de expulsar o embaixador alemão da Venezuela e disse esperar que Caracas “reconsidere” essa atitude.
“Lamentamos que o embaixador alemão na Venezuela tenha sido forçado a deixar o país em um contexto político tenso e complexo”, disse Maja Kocijancic, porta-voz da diplomacia europeia, em entrevista coletiva.
Depois de afirmar que os europeus querem manter “as linhas de comunicação” com todas as partes da Venezuela, incluindo o governo, a porta-voz disse que “a União Europeia espera que se reconsidere” a decisão.
O governo venezuelano declarou o embaixador alemão, Martin Kriener, “persona non grata” nesta quarta-feira (6) e deu 48 horas para que deixasse o país depois que ele recebeu o líder da oposição, Juan Guaidó, no aeroporto na segunda-feira (4), quando o autoproclamaado presidente interino voltou ao país após um tour pela América do Sul.
Guaidó disse que pediu a Kriener para seguir como embaixador em Caracas porque, segundo ele, Maduro não tem poder para expulsar um diplomata por estar “ocupando a Presidência de forma ilegal”.
Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, Guaidó defendeu que os países da União Europeia “reforcem as sanções financeiras contra o regime [de Nicolás Maduro]. Espero que a Europa reaja de modo firme a essa séria ameaça contra o embaixador”.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Heijko Maas, advertiu em um comunicado que a expulsão do embaixador “agrava a situação” na Venezuela. “Esta decisão é incompreensível, o que piora a situação em vez de aliviar as tensões”, afirmou. “O suporte europeu a Juan Guaidó é inabalável”.
Maas não comentou o pedido de novas sanções. Jurgen Hardr, porta-voz do bloco conservador do Parlamento alemão, apoiou o pedido de Guaidó por novas sanções contra Maduro e disse que a meta deveria ser Kriener voltar a Caracas assim que possível.
Em comunicado, o governo Maduro disse que sua decisão de expulsar Kriener se devia a “recorrentes atos de ingerência nos assuntos internos do país” pelo diplomata, que “em desacato compareceu ao aeroporto internacional de Maiquetía para testemunhar a chegada do deputado Juan Guaidó”.
“A Venezuela considera inaceitável que um representante diplomático estrangeiro exerça em seu território um papel público mais típico de um líder político em clara sintonia com a agenda conspiratória de setores extremistas da oposição venezuelana”, afirmou ainda a nota.
Também na quarta, os Estados Unidos decidiram revogar os vistos de 77 pessoas associadas a Maduro, incluindo oficiais do governo e seus familiares, disse o vice-presidente americano, Mike Pence, em pronunciamento para empresários hispânicos em Washington. Na sexta (1º), outros 49 vistos haviam sido revogados.