Presidente condecora grupo que prestou ajuda em acidente aéreo com avião que levava Chapecoense
| Oda Paula Fernandes
O embaixador da Colômbia no Brasil, Alejandro Borda, acompanhou uma comissão de 11 colombianos que foram recebidos pelo presidente do Brasil, Michel Temer, no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde desta sexta-feira (17/12) para a cerimônia de entrega da Ordem de Rio Branco e Ordem do Mérito da Defesa a cidadãos colombianos e ao prefeito de Chapecó. As Ordens são pelos trabalhos prestados pelo povo colombiano em ajuda no resgate dos mortos e dos sobreviventes ao desastre aéreo, envolvendo o time de futebol brasileiro Chapecoense, em 28 de novembro deste ano. Foram resgatados 76 mortos e 6 sobreviventes.
Na solenidade, o presidente Temer comentou a eficiência e o apoio solidário do povo e do governo da Colômbia. Em um pronunciamento, ele disse que o acidente uniu o Brasil que recebeu ‘as mãos do mundo’, ‘de braços e corações abertos’. “Nós todos nos unimos na dor da perda. De norte a sul nos unimos ao sobreviventes e às famílias das vítimas. Governo e indivíduos de todas as partes encontraram sua forma de trazer ao Brasil e Chapecó suas expressões de afeto. Nunca as palavras bastarão para agradecer a todos”, disse Temer.
O embaixador reforçou solidariedade ao povo brasileiro e lamentou a tragédia. Durante a cerimônia, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, também agradeceu aos que ajudaram no resgate e relembrou como os colombianos homenagearam as vítimas no estádio onde aconteceria o jogo entre Chapecoense e Atlético Nacional. “Foram eles que fizeram aquele movimento carinhoso para o mundo ver. Se eu passasse todos os dias da minha vida agradecendo, não seria o suficiente para demonstrar todo o meu amor. Por favor, levem o amor àquela terra”, completou.
Homenagens – O município de La Unión publicou no Diário Oficial local, nesta quinta-feira (15) uma homenagem que prestou em solidariedade ao povo brasileiro, familiares e vítimas do acidente aéreo envolvendo a Chapecoense, na Colômbia. O local se chamava Cerro ‘El Gordo’, porém foi rebatizado e agora se chama ‘Cerro Chapecoense’.
O governador da Antioquia, Luis Pérez, disse em entrevista que a tragédia mudou a rotina da vida de todos os envolvidos. Ele declarou ainda que espera que o local seja de visitação. “Mudamos o nome de Cerro El Gordo a Cerro Chapecoense. Vai ficar para toda a história. Faremos uma homenagem nessa montanha a todos os que morreram tragicamente. E que seja também um local de visitação, um local para os turistas que queiram ver onde o acidente ocorreu”, declarou o governador.
Ordem do Mérito da Defesa: comandante da Força Aérea Colombiana, major general do Ar Carlos Eduardo Bueno Vargas; diretor-geral da Polícia Nacional da Colômbia, major general Jorge Hernando Nieto Rojas; comandante do Comando Aéreo de Combate nº 5, coronel Fabio Alberto Sánchez Montoya; secretário de Segurança e Convivência de Medellín, Gustavo Villegas Restrepo; e o subsecretário de Proteção Social de Antioquia, Juan David Arteaga Flórez.
Ordem de Rio Branco: prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez Zuluaga; secretária do Governo de Antioquia, Victoria Eugenia Ramírez Vélez; diretor executivo da Agência de Cooperação e Investimentos de Medellín e Área Metropolitana, Sergio Escobar Solórzano; diretor do Departamento Administrativo de Gestão de Risco e Atenção a Desastres de Medellín, Camilo Zapata Wills; apresentadora da TV Caracol Mónica Patricia Jaramillo Giraldo; Johan Alexis Ramírez Castro; e o prefeito de Chapecó, Luciano José Buligon.
A cidade de Medellín também foi agraciada com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a estrangeiros, oferecida pelo Ministério das Relações Exteriores.
O acidente – Era madrugada de 29 de novembro quando o avião da companhia aérea boliviana, Lâmia, caiu deixando 71 mortos e 6 feridos. No avião, havia componentes do time de futebol brasileiro da Chapecoense que ia disputar a final da Copa Sul-Americana, na cidade de Medelín na Colômbia. A aeronave modelo Avro Regional Jet 85, 4 motores, fabricada pela Brithish Aerospace (1999), tinha capacidade para até 100 passageiros. No momento da queda, levava 82 pessoas entre passageiros (jornalistas, jogadores, comissão técnica e convidados) e tripulação.
O ministro da Defesa da Bolívia, Reymi Ferreira, inconformado com os resultados apontados por peritos sobre as causas da tragédia, disse em entrevista à rádio paraguaia ABC Cardinal, no último dia 9 que o acidente foi um ‘homicídio’. “Não foi um acidente. Na realidade foi um homicídio. Se o piloto Miguel Quiroga tivesse cumprido com as normas, não se estaria lamentando a tragédia”, lamentou o ministro.
Reymi afirmou ainda que a falha do piloto já havia acontecido outras cinco vezes. “E isso não foi feito uma vez. Essa companhia aérea, esse piloto, fez isso cinco vezes. Há uma norma internacional que estabelece que você tem que ter pelo menos uma hora e meia de autonomia a partir do cálculo da chegada a seu destino. E ele tinha, de acordo com o plano de voo exatamente a mesma quantidade de combustível para as quatro horas e vinte minutos que supostamente iria durar o voo”, afirmou o ministro da Defesa.