Os suíços vão votar no domingo (19) em um referendo para decidir se respaldam a lei do governo destinada a endurecer a compra e posse de armas.
A legislação foi feita para que o país se adapte às regras da União Europeia.
Os maiores opositores são os praticantes de tiro esportivo, que consideram que há uma ameaça à atividade deles.
Se os suíços votarem para rejeitar a lei, o país, que não é membro da União Europeia, será excluído de acordos que dá a eles a permissão para trafegar para outros países sem passar por controles e de pactos com outros países da Europa para receber asilados políticos.
O setor turístico sofrerá impactos de bilhões de francos suíços ao ano, segundo as autoridades federais.
Opositores consideram ameaças exageradas
Considerando as ameaças exageradas, o mundo do tiro esportivo lançou um referendo, garantindo que a lei será “totalmente inútil contra o terrorismo” e que “eliminará o direito de ter uma arma”, além de “enterrar” sua disciplina.
Mesmo assim, consideram que poderia ser encontrada uma “solução pragmática” com a União Europeia.
O bloco não tem nenhum interesse em excluir a Suíça da rede europeia de informação comum em matéria de criminalidade e terrorismo, explicou à AFP Olivia de Weck, capitã do Exército e vice-presidente do grupo de armas suíço ProTell.
A UDC, partido de direita populista mais bem votado no país, é a única formação a apoiá-los.
‘Arma proibida’
Sem um registro federal, é difícil saber quantas armas estão em circulação na Suíça. Além disso, uma mesma pessoa pode pedir várias permissões, e cada uma permite adquirir três armas.
Segundo o centro de pesquisa Ginebra Small Arms Survey, em 2017, havia mais de 2,3 milhões de armas nas mãos de civis na Suíça, ou seja, quase 3 por cada 10 habitantes, o que colocaria a Suíça no 16º lugar da escala mundial de países segundo o número de armas por habitante.
A nova legislação não prevê um registro central, mas obriga a marcar todos os elementos essenciais de uma arma. Ela também classifica as armas semiautomáticas com carregador de grande capacidade na categoria de armas “proibidas” – embora colecionadores e atiradores esportivos possam continuar a adquiri-las com um “autorização excepcional”.
Colecionadores e museus devem indicar como preveem garantir a conservação dessas armas “proibidas”, que estão que ser listadas. Atiradores terão que demonstrar, após cinco anos e depois de dez anos, que praticam o esporte com regularidade.
Exército de milicianos
Na Suíça, onde quase não há ataques a tiros, o apego pelas armas tem origem na tradição de um exército de milicianos que mantêm seus rifles em casa.
Há muitas ocasiões em que se pode praticar o tiro, como a festa federal de tiro ou competições populares, e o interesse por calibres de todos os tipos cresceu nos últimos anos.
Com a nova lei, o rifle do exército não será incluído na categoria de calibres “proibidos” se o seu proprietário o mantiver ao final de seu serviço militar. No entanto, será se a arma passar para um herdeiro ou for vendida.
A última pesquisa do instituto gfs.bern, publicada em 8 de maio, indicou que sim (65%) vencerá o não (34%).