Apesar da boa expectativa, os portos brasileiros ainda precisarão vencer grandes desafios, como a burocracia
Com a expectativa de uma melhora no comércio exterior para o próximo ano, as previsões para o setor portuário são animadoras para a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP). Mas, para isso, segundo o presidente da entidade, Wilen Manteli, os portos brasileiros ainda precisam vencer alguns entraves para garantir bons negócios em 2016.
As projeções da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o cais santista, apontam para um volume de 119,6 milhões de toneladas movimentadas neste ano. As operações com contêineres devem somar 3,7 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) entre embarques e desembarques.
As previsões otimistas do presidente da ABTP têm como base o anúncio de que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) irá atrair mercados para os produtos brasileiros. “Se o Brasil procurar grandes mercados, como o americano, e tiver sucesso, é um caminho para aumentar as exportações. O Mdic quer quebrar freios e abrir o País para outros mercados e isso é muito bom. Apesar da crise, dá um alento para portos, especialmente para Santos”, destacou o presidente da ABTP.
Manteli acredita que o excesso de tributação e a burocracia da indústria são fatores que podem dificultar o bom desempenho do comércio exterior. Além disso, essas questões podem interferir na competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.
Para o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Thomaz Zanotto, as notícias são boas também para as importações. Segundo o executivo, após uma queda próxima a 25% no ano, as importações tendem a se estabilizar. Por outro lado, mantido o patamar cambial próximo aos R$ 4,00, as exportações tendem a se recuperar.
“O ano de 2016 deve ser mais positivo para o comércio exterior brasileiro. Mesmo com a menor demanda internacional por commodities, a taxa de câmbio desvalorizada e as mudanças de política econômica da Argentina podem ser benéficas para as exportações de manufaturados”.
Zanotto acredita que a queda das importações foi mais sensível por conta da redução na produção doméstica, já que a indústria consumiu menos insumos importados. “Pelo lado das exportações, o desempenho foi afetado principalmente pela queda dos preços internacionais das commodities”.
Entraves – Para o próximo ano, o presidente da ABTP espera que a o Governo Federal reduza a burocracia do setor portuário e ainda garanta maior segurança jurídica às empresas que investem nos portos brasileiros. “Os leilões deram sucesso, mas não o esperado. O montante arrecadado foi o necessário para os três terminais. Agora, se o governo não atrapalhar com o excesso de burocracia e der segurança e previsibilidade, sem surpresas no meio do caminho e mudanças legislatórias, teremos bons resultados e o aumento da movimentação de cargas no Porto de Santos”.
Para garantir essas medidas, Manteli pretende se reunir, no início do próximo ano, com o ministro dos Portos, Helder Barbalho, e com o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Mário Povia. O foco da reunião, segundo o presidente da ABTP, será o fortalecimento dos contratos de adesão e de arrendamentos portuários. O objetivo é que sejam mantidas as regras atuais e que não sejam criadas mais exigências no setor portuário.
“Queremos resolver essa questão já no começo do ano porque sabemos das adversidades econômicas e políticas que serão enfrentadas. Porto é investimento e os empresários têm investido. Só precisamos de segurança jurídica para garantir o retorno e a qualidade do serviço prestado”, destacou Manteli.
Fonte: Fernanda Balbino/ A Tribuna
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