Sindicato afirmou que houve busca e apreensões de objetos na residência de Luis Carlos Díaz
Por G1
O jornalista foi detido por funcionários do serviço de inteligência do governo de Nicolás Maduro e sua residência foi alvo de buscas, informou esta terça-feira (12) o Sindicato de Trabalhadores de Imprensa da Venezuela (SNTP, na sigla espanhol).”Comissão do Sebin (Serviço de Inteligência) confirma que o jornalista Luis Carlos Díaz está detido neste órgão policial”, disse o SNTP no Twitter.
Em outra mensagem, o sindicato afirmou que o Sebin fez buscas na residência de Díaz: “Levaram computadores, pen drive, celulares, dinheiro, entre outras coisas. Diaz teve permissão para presenciar as buscas algemado e relatou que foi agredido durante a detenção”.
O jornalista foi acusado pelo dirigente governista Diosdado Cabello – considerado o “número 2” do chavismo – de ter relação com a suposta “sabotagem” ao sistema elétrico que deixou o país às escuras desde a última quinta-feira, diz a agência EFE.
Cabello divulgou um vídeo de um programa de rádio de Díaz no qual ele oferece conselhos sobre como é possível manter-se informado e ao mesmo tempo divulgar informações no meio do “apagão” informativo que o país vive durante o blecaute.
Familiares e colegas de Díaz denunciaram que seu desaparecimento aconteceu às 5h30 (6h30 em Brasília) de segunda-feira, quando o jornalista participaria de um programa informativo sobre o grande blecaute.
Naky Soto, esposa de Díaz, denunciou as buscas em sua residência durante a madrugada e pediu que a acompanhem à sede do Ministério Público às 11h locais (12h em Brasília) para pedir a libertação do jornalista.
Na segunda-feira (11), o parlamento controlado pela oposição aprovou um “estado de alarme nacional” que ficará vigente durante 30 dias devido à “calamidade” que o país atravessa.
O decreto foi proposto pelo presidente da Câmara, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em janeiro ao considerar que Maduro está “usurpando” a presidência por ter sido eleito em um pleito “fraudulento”.
O texto legislativo afirma que as “desculpas” do governante Nicolás Maduro estão “cheias de mentiras e de grande cinismo”, e assinala a falta de investimentos e a inaptidão como causas do corte de eletricidade.
Blecaute na Venezuela
Diferentes regiões da Venezuela seguem sem energia elétrica após o início de um apagão que começou na quinta-feira (7). A queda de força é um problema a mais para a população, que já enfrenta uma longa crise econômica, hiperinflação, desabastecimento e distúrbios sociais devido à situação política do país.
Praticamente o país inteiro foi afetado pelo blecaute, em maior ou menor extensão. Segundo a agência AFP, além da capital, 22 dos 23 estados do país tiveram cortes na eletricidade. No quinto dia de apagão, o fornecimento em algumas regiões chegou a voltar, mas com intermitências.
Ainda não está claro o motivo real da falta de energia. Agências do setor elétrico da Venezuela, do governo de Maduro, falam em “sabotagem criminosa e brutal contra o sistema de geração elétrica”, enquanto a oposição diz que o problema é decorrente de corrupção e falta de manutenção e investimento.
Jornalistas presos
Vários jornalistas foram presos na Venezuela desde janeiro, quando o líder da oposição e da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, autodeclarou-se presidente interino do país.
O último detido foi o norte-americano Cody Weddle correspondente da emissora WPLG (afiliada da rede de televisão ABC na Flórida), que tinha publicado uma reportagem sobre Guaidó.
Em 25 de janeiro, seis integrantes de uma equipe da Univision Noticias ficaram retidos por cerca de duas horas no Palácio Miraflores, sede da presidência da Venezuela. Segundo a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos, a ordem partiu de Nicolás Maduro. A equipe foi deportada no dia seguinte.