Bebidas ganham Selo da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, 2023, no Sul do Brasil. Foram 41 amostras de 14 vinícolas analisadas em Bento Gonçalves/RS, para concessão do Selo DOVV 2023.
Por Rachel Alves Nariyoshi
A Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), em parceria com a Embrapa Uva e Vinho, avaliou 41 amostras de vinhos da safra 2023, de 14 vinícolas, para outorga do SELO da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos (DOVV). Esta foi a maior avaliação já realizada desde 2012, composta por juri de especialistas formado por quatro representantes da Aprovale (gestora da Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos), dois da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho) e um da Associação Brasileira de Enologia (ABE).
De acordo com o diretor do Conselho Regulador da Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos, Moisés Brandelli, a avaliação demonstrou que a grande maioria dos produtores está ainda preparando os vinhos tintos. “Os brancos, percebe-se, estão mais prontos, e os tintos, a grande maioria, estão semielaborados. São vinhos que ainda vão evoluir bastante, mas cabe a importância de a gente avaliar como é que está o vinho agora, como é que eles estão se desenvolvendo. Toda a mão do enólogo nessa fase é importante”, disse Brandelli.
O Vale dos Vinhedos foi a primeira região do Brasil reconhecida com Denominação de Origem (DOVV) para vinhos e espumantes, em 2012. Eu gosto sempre de lembrar que no dia da outorga do título da DOVV eu era a única pessoa de Brasília presente ao evento que aconteceu na Vila Michelon em Bento Gonçalves/RS. Uma emoção fazer parte dessa história! Lembro-me com muito carinho desse dia!
Para obtenção do SELO da DOVV, o processo anual é dividido em etapas. A primeira etapa trata-se do “Formulário de Declaração de Safra”. Por meio dele, a vinícolas comprovam a procedência da uva processada, que deve ser unicamente da região demarcada para a DOVV (Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul), além de terem seus vinhos elaborados na região.
As especificações são rígidas. As videiras precisam ser plantadas em modo espaldeiras (filas), com produção controlada de até 10 toneladas por hectare para vinhos tranquilos e 12 toneladas por hectare para vinhos espumantes, numa área delimitada de 72,45km², que é a área do Vale dos Vinhedos.
Após a aprovação da documentação, as amostras dos vinhos são coletadas pelo técnico da Aprovale que as cataloga com código. É dessa maneira que as garrafas chegam aos avaliadores, identificadas por números e com a variedade da uva com a qual o vinho foi elaborado, sem a identificação do produtor. A degustação acontece às cegas, onde são analisados aspectos visuais, olfativos, gustativos e tipicidade varietal.
Conclusão do juri é que os vinhos brancos aprovados para receberem o SELO DOVV já podem ir para o mercado exibindo a distinção, porque passaram pelo prazo de seis meses de suas elaborações. Já os vinhos tintos precisam aguardar o prazo de 12 meses, o que será alcançado apenas em março de 2024, quando deverão passar por uma outra análise a fim de garantir que seus aspectos visuais, olfativos, gustativos e sua tipicidade varietal se mantiveram intactas. “Esse segundo momento de degustação, próximo à apresentação ao público, garante que a essência e a qualidade estejam em seu auge quando os apreciadores têm o privilégio de desfrutar desses rótulos, consolidando o compromisso com a excelência que caracteriza o Vale dos Vinhedos”, destaca Brandelli.
Atualmente, há 12 vinícolas no Vale dos Vinhedos com rótulos reconhecidos pela DOVV. As variedades selecionadas para representarem a identidade do Vale dos Vinhedos são Merlot, para tintos, e Chardonnay, para brancos. Para vinhos assemblage, 60% deles devem ser compostos por essas variedades, podendo ser complementados por Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat nos tintos e Riesling Itálico, nos brancos. No caso dos espumantes, o vinho base precisa ser da variedade Chardonnay e/ou Pinot Noir pelo menos em 60% de sua composição, podendo ser complementado por Riesling Itálico e a elaboração precisa ser exclusivamente pelo método Tradicional. São algumas das regras!
Assim o SELO DOVV, distintivo de qualidade e autenticidade, representa a tradição e a identidade da região.
Aguardemos os vinhos da safra 2023 com o SELO DOVV.
@rachelalves.professoravinhos
Fotos são de Maiára Martini e Tiago Garziera.