Por Rachel Alves Nariyoshi
As Rotas do Vinho do Estado de São Paulo foram oficialmente estabelecidas, englobando sessenta e seis vinícolas em cinco regiões diferentes, além de vinte e três estabelecimentos de alimentação, cinquenta atrativos turísticos, vinte queijarias e doze produtores de charcutaria, formando seis rotas distintas: Circuito das Frutas, Rota dos Bandeirantes, Alto da Mantiqueira, Serra dos Encontros, Alta Mogiana e os Eno-destinos. A rota Eno-destinos representa um conjunto de vinícolas que, embora não estejam agrupadas em um percurso fixo, oferecem experiências diferenciadas aos visitantes, destacando a diversidade e a riqueza da vitivinicultura paulista.
O objetivo de todas as Rotas do Vinho é aprimorar a experiência do visitante oferecendo uma infinidade de possibilidades. São vinícolas acolhedoras e cenários encantadores que convidam os visitantes a conhecerem histórias e tradições familiares inspiradoras e vivenciarem o processo que vai desde o cultivo das videiras até a colheita das uvas, passando pela elaboração do vinho. Além disso, os turistas podem fazer piqueniques nos vinhedos e vivenciar a paixão dos produtores locais, como destaca o site rotasdovinho.sp.gov. Esses passeios começaram com a Festa da Uva em Jundiaí e o Festival de Vinhos de São Roque.
O turismo vitivinícola no Estado de São Paulo possui uma história rica, desenvolvida ao longo de várias décadas. No final do século XIX e início do século XX, a chegada de imigrantes europeus, especialmente italianos, trouxe consigo a tradição da viticultura para a região. Nas primeiras décadas do século XX, diversas pequenas vinícolas foram fundadas, inicialmente focadas na produção de vinho de mesa para consumo familiar. Com o passar do tempo, essas vinícolas começaram a abrir suas portas para visitas informais, que evoluíram para passeios mais estruturados e outras atividades enoturísticas.
Segundo Célia Carbonari, Presidente da Câmara de Viticultura, Vinhos e Derivados do estado de São Paulo, “As viagens proporcionam experiências que vão além, levando o turista a mergulhar no ambiente onde o vinho foi produzido, permitindo uma conexão com esse vasto mundo… O turista descobre um universo de elos profundamente conectados, que complementam as peças desse maravilhoso conjunto, incluindo a culinária local, que ganha força e protagonismo resgatando as tradições.”
As Rotas do Vinho em São Paulo promovem uma imersão no mundo do vinho e a vivência de momentos inesquecíveis em cenários inspiradores. Cada uma das regiões oferece produtos artesanais exclusivos, como queijos, cachaças, cafés e doces, além de atrações como parques, museus, casarios históricos e estações ferroviárias, criando destinos que incentivam a aventura e o contato com a natureza, através de trilhas, cachoeiras, grutas e festivais que acontecem ao longo do ano, celebrando as estações com festivais de música e gastronomia no inverno, e festas carnavalescas e folclóricas no verão.
As rotas do vinho do estado de São Paulo são as seguintes:
1-Rota do Circuito das frutas (Jundiaí e região), com visitas à Adega e Restaurante Beraldo di Cale, Adega Família Ferragut, Adega Fontebasso, Adega Martins, Adega Maziero, Adega Sibinel, BRAMASOLE Vinho de Boutique, Casa Cereser, Casa de Pizzo, Vinícola Adega Marquesim, Vinícola Castanho, Vinícola do Português, Vinícola Galvão, Vinícola Micheletto, Vinícola Oliveira, Vinícola Saccomani e Vinícola Villa Tordin.
2-Rota dos Bandeirantes (São Roque): BellaQuinta Vinhos Finos, Ferreira & Passero Vinhos, Vila Don Patto, Vinhos Alma Galiza, Vinhos Frank, Vinhos Quinta do Olivardo, Vinhos Quinta dos Guimarães, Vinhos RilaVida, Vinhos Sorocamirim, Vinícola Canguera, Vinícola Casa da Árvore, Vinícola Góes, Vinícola Palmeiras, Vinícola Terra do Vinho, Vinícola XV de Novembro e Vitivinícola Bella Aurora.
3-Rota da Alta Mogiana (Ribeirão Preto e região): Arcano Vinícola, Vinícola Biagi, Vinícola Marchese di Ivrea e Vinícola Terras Altas.
4-Rota do Alto da Mantiqueira (São Bento do Sapucaí e região): Espaço Essenza Vinícola Boutique, Vinicola Entre Vilas, Vinícola Ferreira, Vinícola Raízes do Baú e Vinícola Villa Santa Maria.
5-Rota da Serra dos encontros (Espírito Santo do Pinhal e região): Casa Almeida Barreto, Casa Verrone, Terra de Antônio, Vinicola Amana, Vinícola Bonventi, Vinícola Floresta, Vinícola Guaspari, Vinícola InnVernia, Vinícola Lattarini, Vinícola L’Origine , Vinícola Merum, Vinícola Mirantus e Vinícola Terra Nossa.
6- Eno-Destinos (Penápolis, Ribeirão Branco, Amapro, Cunha, Barra Bonita, Serra Negra, Jaguariúna, Assis): Vinícola Alma da Videira, Vinícola Carmela, Vinícola Cave D’Eliza, Vinícola DAVO, Vinícola Ferracini, Vinícola Refúgio, Vinicola San Raphael, Vinícola Terrassos, Vinícola Três Batalhas, Vinícola Urbana Alma Gêmea e Vinícola Walachai.
As primeiras parreiras cultivadas em solo brasileiro, foram em São Paulo, em 1532, quando Brás Cubas as plantou na Serra do Mar e, posteriormente, no bairro do Tatuapé, na capital. Em 1669, Jundiaí registrou as primeiras vendas de vinho, marcando o início de uma tradição vitivinícola que se fortaleceria com a chegada dos imigrantes europeus, especialmente italianos. Desde então, o panorama vinícola paulista evoluiu significativamente. A tecnologia moderna tem desempenhado um papel fundamental no aprimoramento das técnicas de cultivo e produção, enquanto a dedicação e a força dos trabalhadores paulistas continuam sendo a base sólida desse setor. Atualmente os vitivinicultores paulistas adotaram práticas inovadoras, como a técnica da “dupla poda”, que inverte o ciclo natural da videira, permitindo que a vindima ocorra nos meses de inverno, quando a incidência de chuvas é menor. Essa técnica é essencial para a produção do renomado “vinho de inverno”, que se destaca pela sua qualidade e singularidade, colocando São Paulo no mapa da vinificação de excelência no Brasil.
Tanto vinhos de mesa quanto vinhos finos têm conquistado cada espaço no cenário nacional e internacional. São vinhos que carregam a originalidade dos terroirs das serras e dos vales paulistas, fortalecendo a identidade regional e criando novas oportunidades de turismo, além de impulsionar o crescimento econômico regional.
Dessa forma, as Rotas do Vinho de São Paulo não apenas consolidam a tradição vitivinícola do estado, como também promovem o desenvolvimento econômico e turístico de suas regiões que vêm ganhando destaque no cenário nacional. São Paulo se estabelece como um destino enoturístico de excelência que reflete a paixão e o trabalho árduo dos produtores locais.
Tim-tim!
@rachelalves.professoradevinhos