Peter Wilson, Embaixador do Reino Unido no Brasil
Francesco Azzarello, Embaixador da Itália no Brasil
Reino Unido, Itália e Brasil compartilham algumas paixões. A primeira, e mais óbvia, é pelo futebol – juntos, os três países somam dez Copas do Mundo e uma rica história de influências compartilhadas.
Porém, há uma segunda paixão que, embora menos conhecida, mostra os nossos valores: a admiração pela natureza e a urgência em conservá-la. Alguns dos maiores retratos sobre as belezas naturais brasileiras, por exemplo, foram feitos por um artista britânico, Henry Chamberlain, e por um italiano, Nicola Antonio Facchinetti. Suas obras podem ser vistas no Masp, em São Paulo. Essa paixão, contudo, não se resume à contemplação. Em 2021, ano crucial no combate às mudanças do clima, a liderança climática é outro ponto em comum entre nossos países.
Compartilhamos a presidência da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontecerá em novembro, em Glasgow. Em outubro, a Itália sediará dois eventos preparatórios em Milão: Juventude Pelo Clima, que reunirá cerca de 400 jovens de todo o mundo, e a Pré-COP, encontro final em preparação à COP26. A comunidade internacional conta com participação e liderança construtivas do Brasil, especialmente após os compromissos assumidos na Cúpula de Líderes, do presidente Biden, no mês passado. Esperamos que sejam do tamanho do papel e das responsabilidades, presentes e futuras, de um país com todas as potencialidades para ser protagonista ativo e ambicioso da ação climática internacional.
Mas até lá, temos muito a fazer. Como presidentes das cúpulas do G-7 e G-20, que acontecem em junho, no Reino Unido, e em outubro, na Itália, vamos colocar o clima no centro da agenda global. Usaremos nossas posições estratégicas para estimular uma recuperação econômica resiliente, que gere empregos e inclua os mais vulneráveis.
Até Glasgow, como anunciado na semana passada pelo presidente designado da COP26, Alok Sharma, focaremos nossos esforços com os países, atores subnacionais, setor privado e sociedade civil – no Brasil e no mundo – em quatro objetivos: 1) incentivar compromissos globais para zerar emissões; 2) adaptar com urgência para proteger as comunidades e habitats naturais; 3) mobilizar financiamento e facilitar fluxos de investimentos; e 4) trabalhar em cooperação para acelerar ações do mundo real e sua implementação.
Sabemos que não é uma tarefa fácil. Se quisermos frear os impactos nefastos das mudanças do clima e limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, precisaremos de políticas ambiciosas e ações ousadas. Estamos animados com o crescente compromisso de governos e empresas em zerar emissões até 2050. Lideranças inspiradoras e vontade política serão decisivas, e precisaremos de todos a bordo.
Acreditamos veementemente que o Brasil foi, é e continuará sendo parte fundamental da solução. Queremos continuar trabalhando para garantir que o País tenha um papel de destaque, por meio da implementação dos compromissos já anunciados, incluindo o fim do desmatamento ilegal até 2030 e a neutralidade de carbono até meados do século. Investidores e o setor privado têm demonstrado as oportunidades financeiras que o País poderá acessar ao avançar esta agenda, inclusive por meio de novas formas de parceria entre os setores público e privado.
A COP26 não será apenas sobre negociações. Como anfitriões, queremos focar em ações concretas e na implementação do Acordo de Paris. Nós podemos fazer isso! É vital trabalharmos juntos nos próximos meses, e chegarmos a Glasgow bem preparados para fazer a diferença que as pessoas no Brasil e ao redor do mundo esperam de nós.
Afinal, queremos que os campos de futebol continuem verdes para os nossos atletas. E queremos que outros artistas continuem tendo na natureza uma profícua fonte de inspiração.