Segundo Theresa May, decisão foi tomada após debate com gabinete, em reunião que durou cinco horas
Notícias ao Minuto Brasil
Depois de mais de cinco horas de reunião, o governo britânico decidiu adotar o projeto do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit, informou a primeira-ministra britânica, Theresa May, nesta quarta-feira (14).
De acordo com a premier, a decisão não é “leve”, mas o conselho de ministros defendeu o texto da melhor forma possível. “Esse é o passo decisivo que nos permite seguir em frente. Essas decisões não foram tomadas facilmente, mas acredito que estejam firmemente de acordo com o interesse nacional”.
“Sei que tempos dias difíceis pela frente. Mas este acordo cumpre o acordado no referendo [que determinou a saída do Reino Unido da UE]. Protege os trabalhadores e os direitos”, disse durante breve declaração à imprensa no Downing Street. May ainda afirmou que o rascunho permitirá que Londres “recupere o controle e reconheceu que o principal problema é o que está relacionado com o mecanismo de “backstop” para a fronteira entre as Irlandas.
Hoje, o conselho de ministros discutiu as mais de 400 páginas do acordo técnico, cujo principal problema está na solução encontrada para lidar com a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. A primeira-ministra falará ao Parlamento britânico nesta quinta-feira (15) para explicar o documento, mas a data para a votação ainda não foi definida. A expectativa é que o Reino Unido deixe o bloco no fim de março de 2019.
No entanto, May precisará ainda obter 320 votos entre os 650 parlamentares existentes. Diversos opositores já afirmaram que irão negar o acordo antes mesmo de saber qual é o projeto. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, por sua vez, criticou o acordo, dizendo que o Reino Unido ficará estagnado com um Parlamento dividido, sem um posicionamento coeso sobre as regras. Ele disse que a primeira-ministra está propondo uma falsa escolha aos congressistas, entre “um mau acordo e um não acordo”.
Em resposta, May disse que o objetivo do Partido Trabalhista, do qual Corbyn faz parte, é “frustrar o Brexit e trair o voto dos cidadãos britânicos”.
Acordo As negociações do Brexit são regidas por um princípio chamado “backstop”, que garante que, se não houver acordo, a fronteira entre as Irlandas permanecerá inexistente. Neste caso, a Irlanda do Norte continuaria no mercado comum e na união alfandegária e ficaria submetida as regras diferentes do restante do Reino Unido. No entanto, tanto a Irlanda quanto a Irlanda do Norte querem a manutenção de fronteiras abertas, mas isso pode acabar criando uma região com status especial dentro do Reino Unido e até uma espécie de diferenciação entre o território e o restante do país. O governo May insiste para que o chamado “backstop” valha para todo o território britânico.
O rascunho do acordo elaborado na última terça-feira (13), que foi analisado pelo gabinete de May, prevê um período adicional de 21 meses de transição para a adoção das novas regras após o dia 29 de março, prazo final estabelecido para o Brexit.
Com a aprovação do Conselho de ministros, a Comissão Europeia deve publicar mais detalhes do plano de 500 páginas e uma declaração resumida explicando como serão as relações entre o bloco e Reino Unido nas questões econômica e de segurança.
Embaixadores dos 27 países remanescentes no bloco vão discutir a possibilidade de organizar uma cúpula extraordinária, que deve acontecer no dia 25 de novembro, para definir os último detalhes, segundo o primeiro-ministro da República da Irlanda, Leo Varadkar. Se isso acontecer o governo enfrentará uma batalha para ganhar o apoio do Parlamento, em votação que deve acontecer no próximo dia 7 de dezembro, segundo a rede de notícias britânica “BBC.