A imprensa internacional repercutiu amplamente nesta terça-feira (27) o fato de o governo brasileiro ter imposto restrição à oferta de US$ 20 milhões em ajuda para combater os incêndios na região amazônica.
O presidente Jair Bolsonaro disse que o francês Emmanuel Macron terá de “retirar insultos” contra ele e contra o Brasil antes de considerar aceitar a ajuda. Mais tarde, entretanto, declarou que “ninguém é contra aqui dialogar com a França”.
Na segunda-feira (26), Macron disse em entrevista à imprensa que a ajuda oferecida era de 20 milhões de euros. Nesta terça-feira (27), no entanto, a presidência francesa confirmou que o valor é US$ 20 milhões (cerca de 18 milhões de euros).
Veja abaixo o que dizem os meios internacionais:
‘The Guardian’
O diário britânico destacou a reação do ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, em entrevista ao Blog do Camarotti, no G1, que disse que Macron deveria cuidar das “colônias francesas”.
“O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colônias francesas”, disse Lorenzoni.
O jornal britânico ainda ouviu grupos ambientalistas que disseram que a ajuda de emergência do G7 era insuficiente e falha em abordar os fatores de comércio e consumo que influenciam o desmatamento no Brasil.
“A oferta de US$ 20 milhões é dinheiro de troco, especialmente porque a crise na Amazônia está diretamente ligada ao consumo excessivo de carne e laticínios no Reino Unido e em outros países do G7”, disse Richard George, chefe de florestas do Greenpeace britânico.
‘The New York Times’
O principal jornal americano noticiou que o Brasil rejeitou de forma “raivosa” a oferta de algumas das maiores economias do mundo – para, depois, colocar condições para aceitar a ajuda.
O “New York Times” também menciona a “disputa verbal” entre os dois líderes – uma referência ao episódio em que Bolsonaro fez um comentário sobre a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. O presidente francês respondeu que espera que brasileiros “tenham um presidente que se comporte à altura”.
‘Le Monde’
A matéria sobre a discussão entre os dois líderes esteve entre as mais lidas do jornal francês nesta terça (27). “Bolsonaro exige que Macron ‘retire seus insultos’ antes de discutir a ajuda do G7” é o título da reportagem, que destacou a fala do presidente brasileiro.
“O presidente brasileiro exigiu na terça-feira que o chefe de Estado francês “retire seus insultos contra [sua] pessoa” antes de discutir a ajuda do G7. Na frente de vários jornalistas, Bolsonaro falou das acusações do presidente francês de que ele “mentiu” sobre seus compromissos ambientais”, diz o jornal.
O “Le Monde” também mencionou a fala de Macron na segunda-feira (26) em resposta aos comentários de Bolsonaro sobre a primeira-dama francesa.
‘The Washington Post’
O “The Washington Post” diz que o presidente “retrocedeu da rejeição inicial de seu país” sobre a oferta. As condições impostas pelo presidente Jair Bolsonaro para dialogar com a França estiveram entre as principais notícias no site do jornal americano nesta terça (27).
O veículo também menciona que autoridades das regiões atingidas pelos incêndios falam em negociar diretamente com outros países, se for necessário.
“Bolsonaro disse que não tomaria uma decisão final até que Macron peça desculpas por observações que Bolsonaro considerou um desafio à credibilidade dele e um ataque à soberania do Brasil”, escreveu o jornal.
G7 anuncia ajuda financeira
No domingo (25), o presidente francês concordou em ajudar os países atingidos pelas queimadas na Amazônia “o mais rápido possível”.
Na segunda-feira (26), ele anunciou uma ajuda financeira de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões; inicialmente, em entrevista coletiva, o presidente francês havia dito que eram 20 milhões de euros) para combater os incêndios na floresta.
A cúpula do G7 começou no sábado (24), quando Macron disse que uma das prioridades do evento seria mobilizar “todas as potências, em parceria com os países da Amazônia”, para combater o desmatamento e investir no reflorestamento.