O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se encontrou com o papa Francisco nesta quinta-feira, um dia antes da chegada de líderes católicos da Ucrânia ao Vaticano para debater a crise de seu país e em meio à especulação de que a visita poderia ser o prelúdio da primeira de um papa à Rússia. “Obrigado pelo tempo que me dedicou”, disse Putin ao final da conversa de 55 minutos.
“Foi um debate muito substantivo e interessante”, disse Putin, ao sair da sala particular que o pontífice usa para ocasiões oficiais. Os detalhes da conversa não foram divulgados de imediato.
Putin, que já viu Francisco duas vezes, chegou ao compromisso desta quinta-feira com uma hora de atraso. Ele se atrasou 50 minutos em seu primeiro encontro com Francisco em 2013 e mais de uma hora no segundo encontro de 2015.
Após sua ida ao Vaticano, Putin deve se encontrar com o presidente e o primeiro-ministro da Itália e voltar a Moscou no final do dia, após um jantar oficial.
Acredita-se que a Ucrânia, que continua sendo um tema difícil nas relações entre o Vaticano e a Rússia, seria um dos principais tópicos da conversa na biblioteca papal oficial no Palácio Apostólico do Vaticano.
Quando se encontraram pela última vez, em 2015, o papa pediu a Putin um “esforço sincero e grande” para fazer as pazes com Kiev e ajudar a encerrar os combates entre forças do governo ucraniano e rebeldes separatistas pró-Rússia no leste.
Na sexta-feira, líderes da Igreja Católica da Ucrânia e autoridades do Vaticano iniciam dois dias de reuniões para tratar de vários problemas da nação, uma ex-república soviética.
O mundo religioso ucraniano se tensionou no ano passado, quando a Igreja Ortodoxa local, que na prática passou séculos sob controle da Igreja Ortodoxa russa, declarou sua independência e criou uma Igreja nacional.
A Rússia não aceita que a Igreja Ortodoxa ucraniana se autogoverne, dizendo que a medida tem motivos mais políticos que religiosos. Putin se alinhou estreitamente à Igreja Ortodoxa russa e acusou o governo de Kiev de interferir flagrantemente na vida ortodoxa da Ucrânia.
Seu encontro com o papa nesta quinta-feira ocorreu três anos depois de Francisco ter conversas breves com o patriarca ortodoxo russo Kirill em Cuba, um gesto significativo para curar o cisma de mil anos entre os ramos ocidental e oriental do cristianismo.