O presidente do Equador, Lenín Moreno, decretou toque de recolher na capital Quito e arredores. Pela internet, as Forças Armadas do país também anunciaram uma “restrição de mobilidade” por 24 horas, em “áreas sensíveis e de importância estratégica” em todo o território nacional.
Com as medidas, o governo intensificou a repressão aos protestos no Equador, após ter um pedido de diálogo atendido pelo movimento indígena, que lidera parte das manifestações.
Em uma publicação no Twitter, Moreno afirmou que o toque de recolher vale a partir da tarde deste sábado (12). “Isso facilitará o desempenho da força pública contra os excessos intoleráveis de violência.”
Já a restrição de mobilidade permite aos militares aplicarem medidas de controle em espaços públicos a qualquer hora do dia, com ações que podem incluir o registro de pessoas e veículos.
O governo já havia decretado toque de recolher parcial em Quito. A medida valia para áreas no entorno de prédios públicos.
Mais cedo, após a decisão do movimento indígena, o prefeito de Quito, Jorge Yunda Machado, anunciou que o presidente deve revisar o decreto sobre o fim da política de subsídios a combustíveis, estopim para os protestos no país.
Em mensagem transmitida na televisão equatoriana na tarde desta sexta (11), Moreno propôs dialogar com representantes indígenas sobre a medida. Ele não detalhou, porém, se faria concessões às exigências dos manifestantes. “O país deve recuperar a calma”, disse o presidente.
Em um comunicado, a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) afirmou: “Depois de um processo de consulta com as comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais, decidimos participar do diálogo direto” com Moreno.
Crise no Equador
O Equador está desde 3 de outubro sob estado de exceção, medida que deu a Moreno a prerrogativa de convocar forças armadas para conter as manifestações.
Além disso, o governo transferiu a sede de Quito para Guayaquil, cidade litorânea mais distante do epicentro dos protestos.
O decreto que retira os subsídios faz parte de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um crédito de US$ 4,2 bilhões – equivalente a cerca de R$ 17,2 bi.