Em entrevista exclusiva à Embassy o chefe de missão da Polônia participou da série New challenges and goals for 2021. Nela, Skiba falou da intenção de aprofundar o diálogo político, as parcerias nos negócios e da possibilidade de uma visita oficial do presidente Jair Bolsonaro ao país, assim como ampliar a parceria cultural que já tem apoio da embaixada.
Segundo Jakub Shiba, do ponto de vista do governo polonês, “é importante intensificar a cooperação com o Brasil sobre questões humanitárias e de refugiados no âmbito do Processo de Varsóvia”. Além disse o embaixador valou que outro objetivo é relativo à estabilização política, social e econômica do Oriente Médio, avançar na cooperação no campo das iniciativas no fórum da ONU, incluindo a Comissão de Direitos Humanos, a “Aliança para a Liberdade Religiosa” e a “Parceria para Famílias”. Leia agora a entrevista completa do embaixador da Polônia Jakub Shiba.
Embassy – À frente da embaixada, quais serão os principais desafios para 2021?
A pandemia nos levou a superar as barreiras individuais e nacionais, bem como mostrou a necessidade de maior solidariedade e apoio mútuo na proteção da saúde. A luta contra a pandemia e a prestação de ajuda aos cidadãos poloneses no Brasil que se encontram numa situação complicada neste cenário continuará a ser o nosso maior dever.
Sem dúvida, aprofundar a cooperação política e o intercâmbio econômico e cultural entre a Polônia e o Brasil, em uma realidade pós-pandêmica, serão grandes desafios. Antes da pandemia, o desempenho econômico da Polônia era excelente. Após o colapso provocado pelo coronavírus, a economia global não se recuperará rapidamente. Um ano não será o suficiente para alcançar este objetivo, pois possivelmente no primeiro semestre de 2021 a COVID-19 ainda continuará a ser uma ameaça real.
Não obstante, tudo indica que, devido ao apoio fiscal e monetário fornecido pelo nosso governo, a Polônia sairá da crise pandêmica com mais rapidez e eficácia do que muitos outros países.
Outro desafio será manter e buscar novas formas de diálogo bilateral com o Brasil e seus cidadãos, especialmente graças ao uso das soluções oferecidas pela tecnologia. Esperamos que a partir do segundo semestre do ano seja possível retomar a intensa atividade e implementar os planos traçados ainda em 2019, que foram adiados durante o período da pandemia. Retomar os contatos diplomáticos pessoais compensará, sem dúvida, o tempo perdido em diversas áreas.
Embassy – Quais são as metas da embaixada para este ano?
O nosso objetivo prioritário é aprofundar o diálogo político com o Brasil e, acima de tudo, contribuir para a realização da visita oficial do Presidente Jair Bolsonaro à Polônia – outrora planejada, porém adiada em função da pandemia – bem como a revisita do Presidente Andrzej Duda ao Brasil. Além disso, será fundamental a cooperação na preparação e organização de outras visitas de alto nível, incluindo a implementação da próxima rodada de consultas políticas em nível de ministros e vice-ministros.
Do ponto de vista da Polônia, é importante intensificar a cooperação com o Brasil sobre questões humanitárias e de refugiados no âmbito do Processo de Varsóvia, relativo à estabilização política, social e econômica do Oriente Médio, avançar na cooperação no campo das iniciativas no fórum da ONU, incluindo a Comissão de Direitos Humanos, a “Aliança para a Liberdade Religiosa” e a “Parceria para Famílias”.
A Embaixada continuará a realizar as atividades destinadas a expandir a base de tratados e também intensificar as atividades de comércio e investimento. No domínio da diplomacia pública, concentraremos os nossos esforços na promoção da imagem do nosso País como parceiro político e econômico de confiança, engajado na política internacional e do conhecimento sobre a contribuição dos poloneses para o patrimônio científico e cultural mundial.
No âmbito cultural, a Embaixada seguirá colaborando com as instituições culturais nacionais (Instituto Nacional Fryderyk Chopin, Museu Nacional de Cracóvia, Ópera Nacional, entre outros). Graças à cooperação firmada no ano passado, a Embaixada teve acesso a arquivos virtuais que enriqueceram significativamente a nossa oferta cultural.
Embassy – Quais os principais e novos projetos/programas, contidos no planejamento de 2021?
Este ano a Polônia preside o Grupo de Visegrado (bloco de países da Europa Central composto pela Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Hungria) também chamado de V4 – que em fevereiro celebra o seu 30º aniversário. Pretendemos dar a devida visibilidade a esta data notável especialmente na esfera virtual.
É particularmente relevante para a Embaixada apoiar os projetos educacionais voltados à diáspora polonesa, implementados em cooperação com as instituições polonesas que operam no domínio educacional, fornecendo suporte aos professores poloneses delegados para o trabalho no Brasil.
Dada a situação epidêmica no Brasil e as restrições à organização de eventos com participação do público, no primeiro semestre de 2021, a Embaixada concentrará suas atividades na elaboração de publicações no campo da diplomacia histórica. No segundo semestre, pretendemos organizar um recital do vencedor do 18º Concurso Internacional de Piano Fryderyk Chopin no Brasil, incluindo algumas performances de outros eminentes artistas poloneses. Os referidos projetos serão realizados em cooperação com o Instituto Nacional Fryderyk Chopin de Varsóvia.
Embassy – Qual o setor ou setores que o governo do seu país pretende focar nas relações com o Brasil?
No cenário pós-pandêmico será necessário implementar medidas para intensificar a atividade comercial e incentivar os investimentos mútuos nos nossos Países, pois acreditamos que o potencial de cooperação econômica entre a Polônia e o Brasil permanece muito abaixo se comparado à possibilidade realmente existente. Buscaremos, também, uma maior abertura do mercado brasileiro aos produtos poloneses, especialmente no setor alimentício.
A cooperação na defesa será importante. Contamos especialmente com a visita da delegação brasileira na feira da indústria de defesa prevista para setembro, em Kielce na Polônia. Estas atividades visam promover e incrementar a cooperação entre os setores de defesa da Polônia e do Brasil.
Embassy – Como a embaixada pretende promover o maior intercâmbio, principalmente o comercial, entre o Brasil e seu país?
Além de aprofundar o diálogo político, não menos relevante será o retorno ao crescimento econômico de antes da crise. Como mencionei, o desempenho econômico da Polônia antes da pandemia era excelente: as taxas de desemprego e pobreza estavam em níveis historicamente baixos, bem abaixo da média da OCDE. No entanto, como em qualquer outro lugar, a crise da COVID-19 afetou o caminho de desenvolvimento do País.
Ao mesmo tempo, é evidente que a desaceleração econômica relacionada à pandemia do coronavírus foi menor do que na maioria dos países da OCDE. Portanto, temos muito a oferecer no intercâmbio bilateral. A Embaixada continuará seus esforços para constituir um grupo de trabalho para comércio e investimento. Se a situação permitir, pretendemos intensificar a participação ativa das feiras de comércio e negócios.
Um aspecto importante do aprofundamento da cooperação bilateral será a assinatura do já negociado acordo para evitar a dupla tributação.
Espero também, que este ano, tenhamos a possibilidade de abrirmos uma filial da Agência Polonesa de Investimento e Comércio em São Paulo, o que deverá estimular significativamente o intercâmbio econômico entre a Polônia e o Brasil.
Produção: Elna Souza