A prefeitura de Paris anunciou que fará uma “limpeza profunda” nas escolas vizinhas à catedral Notre-Dame, até o final de julho. O objetivo é avaliar a contaminação por chumbo após o incêndio que destruiu parcialmente o monumento há três meses. De acordo com o site investigativo francês Mediapart, taxas de concentração superiores à média foram registradas em creches, pré-escolas e outros estabelecimentos.
Segundo o subsecretário para a Saúde da prefeitura de Paris, Arnaud Gauthier, a limpeza é uma medida de precaução, “para assegurar que o risco é mínimo”. A declaração foi dada nesta quinta-feira (18) em uma coletiva de imprensa. Ele garante que amostras já foram retiradas do local e não justificam nenhum “alerta”. A limpeza de rotina, diz, já foi realizada nas escolas, como preconizam as recomendações das autoridades sanitárias. O representante da prefeitura assegura que, até o dia 26 de julho, será feita uma limpeza “a alta pressão” nos pátios e outra, de 26 a 30 de agosto, antes da volta às aulas, prevista para o início de setembro.
O prefeito adjunto de Paris, Emmanuel Grégoire,que também participou da entrevista, afirmou que não há riscos para a saúde dos alunos. “Se houvesse o menor risco, as escolas estariam e continuariam fechadas”, disse. O site Mediapart publicou uma investigação nesta quinta-feira (18) revelando que taxas de concentração dez vezes superiores ao limite foram detectadas nas escolas próximas à Notre Dame. Na reportagem, intitulada “A prefeitura de Paris não protegeu as crianças do chumbo”, o veículo acusa o órgão de não ter efetuado uma limpeza profunda nas redondezas da catedral depois do incêndio, em 15 de abril.
Na coletiva de hoje, o representante da prefeitura assegurou à imprensa que o nível médio de chumbo nos estabelecimentos não ultrapassa 70mg de chumbo por metro quadrado – como recomendam as autoridades de saúde francesas. A questão agora, lembra a reportagem, é se há necessidade de realizar testes de depistagem na população.
Prevenção de riscos
De acordo com Bruno Cortois, especialista em prevenção de riscos químicos do Instituto Nacional de Pesquisa e Segurança (INRS), citado pelo site francês, “fazer uma média do nível das concentrações de chumbo é dar a informação pela metade”, afirma. O incêndio da catedral gótica, de mais de 850 anos, provocou a fusão de centenas de toneladas de chumbo. Uma exposição crônica a níveis elevados, por inalação ou ingestão, pode provocar problemas digestivos, problemas nos rins ou lesões no sistema nervoso, além de anomalias reprodutivas.
Risco de desabamento
Em uma reportagem publicada nesta quinta-feira (17), o jornal The New York Times relata que o monumento quase desabou e que os bombeiros correram sérios riscos, arriscando todas a possibilidades, para evitar o pior. A reportagem detalha etapa por etapa da operação que permitiu conservar parte da catedral centenária, situada no coração de Paris, graças à coragem das equipes de resgate parisienses.