A alta entre 2018 e 2019 foi a maior entre as principais nacionalidades. No total, a agência informa que mais de 7,9 mil brasileiros foram afetados por medidas, na maioria dos casos por estarem nos países do continente sem vistos de trabalho ou em condições irregulares.
Em 2018, 5,7 mil brasileiros tinham sido expulsos, contra apenas 5 mil em 2016. Antes disso, os números eram ainda mais baixos e o Brasil sequer aparecia entre as dez nacionalidades mais atingidas pelas medidas de expulsão.
No ano passado, porém, os números colocaram os brasileiros como a nona nacionalidade mais afetada, superando a Turquia. Acima dos brasileiros estão os argelinos e iraquianos. Mas a nacionalidade mais afetada é da Ucrânia, com 33 mil pessoas expulsas. No total, em 2019, a Europa emitiu ordens de expulsão para 298 mil pessoas, ampliando o cerco do continente contra a imigração irregular.
Entre os 7,9 mil brasileiros que receberam ordens de expulsão, 3,4 mil embarcaram no mesmo ano. Os demais aguardam recursos ou tramitação de seus casos. Desse total, 2,4 mil voltou ao Brasil de forma forçada, enquanto os demais optaram por deixar a Europa de forma voluntária ao receber a notificação. Oficialmente, a Frontex não explica o motivo da alta relativa ao Brasil. Mas fontes nos sistemas de aduana pela Europa acreditam que o maior número pode explicado por um fluxo importante de brasileiros que, diante da crise no país nos últimos anos, optou por tentar a vida no continente europeu. Tal fenômeno já tinha sido registrado nos anos 90 e em outros momentos.
Desta vez, porém, as regras de imigração na Europa foram amplamente modificadas, com governos sendo pressionados pela extrema-direita a fechar fronteiras e ampliar os controles. Nesta terça-feira, a repórter Giuliana Miranda da Folha de S. Paulo publicou reportagem em que relata como, em Portugal, 3,9 mil brasileiros foram barrados no ano passado de desembarcar no país, uma das principais portas de entrada para a Europa. O número, segundo os dados oficiais, é o mais alto.
Na Frontex, o número de pessoas barradas em 2019 ainda não foi publicado. Mas, para 2018, o Brasil já aparecia com destaque, com um total de 7 mil casos e entre os mais afetados do mundo. O aumento em relação ao ano de 2017 foi de 42%, o maior salto entre as dez nacionalidades mais atingidas. Um ano antes, em 2016, o número era menos da metade, com apenas 3 mil brasileiros barrados nos aeroportos. Coletivos de imigrantes brasileiros pelas principais capitais europeias confirmam que, desde o ano passado, os controles passaram a assustar uma parcela dos nacionais que vivem em condições irregulares.