Ao contrário do que tem sido habitual nos últimos tempos, as Nações Unidas juntaram-se a Donald Trump
Notícias ao Minuto Brasil
Enviado especial da ONU quer reunir todos os países envolvidos no conflito e apela, particularmente, que Turquia e Rússia impeçam um “banho de sangue” em Idlib. Moscou já retomou bombardeamentos e Damasco admite esperar até 10 de setembro para atacar. Começou a corrida contra o tempo para travar (mais uma) crise humanitária na Síria.
Ao contrário do que tem sido habitual nos últimos tempos, as Nações Unidas juntaram-se a Donald Trump e alertaram para o possível banho de sangue que se avizinha em Idlib, na Síria.
Em declarações aos jornalistas a partir de Genebra, Staffan de Mistura fez eco das palavras do presidente dos Estados Unidos, que nessa segunda-feira (3) alertou Damasco, Teerã e Moscou para a “potencial tragédia humana” de uma futura ofensiva em Idlib, um dos últimos bastiões das oposição a Bashar al-Assad, e insistiu na necessidade de os atores da guerra da Síria se sentarem à mesa para dialogar.
“Espero que nada de dramático aconteça em Idlib. Continuamos a acreditar que o processo de paz não deve ser refém de nada, de outra forma, vai haver sempre uma desculpa para o adiar”, disse o enviado especial da ONU para a Síria, citado pelo ‘The Guardian’.
Staffan de Mistura revelou que pediu à Turquia, apoiadora de alguns grupos rebeldes em Idlib, à Rússia e ao Irã, aliados de Assad, para se sentarem à mesa nos próximos dias 10 e 11 de setembro para discutirem a composição de comitê constituído com o objetivo de rever a constituição síria. Três dias depois, Staffan de Mistura espera se reunir com Reino Unido, Estados Unidos, Arábia Saudita, Jordânia, Alemanha e Egito.
Para o responsável da ONU, estes encontros são “o momento da verdade” para perceber até que ponto os intervenientes na guerra da Síria querem uma solução credível para o país, isto numa altura em que milhões de refugiados sírios estão num impasse, sem saber se podem ou não regressar a casa. Staffan de Mistura espera levar o resultado dos encontros entre os diversos países à Assembleia Geral da ONU, marcada para 20 de setembro.
A maior preocupação do enviado especial da ONU para a Síria é que Turquia e Rússia não sejam capazes de parar o inevitável banho de sangue caso a ofensiva contra Idlib avance. Moscou fala naquela província como um “ninho de terroristas”, referindo-se aos cerca de 30 mil combatentes jihadistas que foram identificados na zona.
No entanto, como nota a ONU, Idlib é também refúgio para cerca de três milhões de pessoas, muitas delas que fugiram para aquela província após os bombardeios russos e de Damasco. O escalar dos bombardeios e da ofensiva militar na zona pode, por isso, ter consequências devastadoras e gerar uma crise humanitária.
Os ataques aéreos russos foram retomados nesta terça-feira (4), causando a morte de pelo menos nove civis, o que faz antever uma ofensiva em larga escala para breve. De acordo com a ‘Reuters’, o governo sírio poderá esperar até ao próximo dia 10 de setembro para iniciar o ataque final a Idlib, aguardando pelo resultado do encontro da próxima sexta-feira (7), em Teerã.