Por: Jéssica Pires Barbosa Barreto (UERJ)
No final de julho foi lançado, nos EUA, o documento Joint Operating Environment (JOE 2035). Focado em como deverão ser as operações conjuntas daqui a vinte anos, o JOE 2035 estabelece seis possíveis cenários, em um ambiente considerado em contínua transformação, com dois principais desafios. Estes seriam: a contestação das normas vigentes, com alguns Estados e atores não-governamentais não respeitando as regras de convivência do sistema internacional; e uma persistente desordem, em especial nos países onde os governos não conseguem prover um mínimo de estabilidade para suas populações. O primeiro dos seis cenários abrange a competição ideológica radical, prevendo que haverá redes localizadas no ciberespaço visando derrubar governos e coagir seus cidadãos e que estarão dispostas a recorrerem até mesmo à violência para alcançar seus objetivos.
No futuro, podem surgir novos grupos, além dos atuais islâmicos mais radicais, como ambientais e de oposição à migração. O segundo cenário envolve ameaça direta ao território dos EUA e à sua soberania, devido ao aumento de inimigos tentando coagir seus cidadãos e o próprio governo. No terceiro, aborda-se a ideia de adversários aumentando seu poder e influência, principalmente a partir da área econômica, e limitando a dos norte-americanos. Já no quarto, traz-se a ideia do uso dos bens comuns globais, como os espaços marítimo e aéreo, e da proteção dos EUA sobre esses espaços, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, estabelecendo normas comuns de convivência. Entretanto, outros América do Norte e Central [3] Estados e atores não-estatais tentariam impor suas próprias regras, por exemplo, novas interpretações sobre o conceito de liberdade de navegação.
O quinto traz uma competição pelo ciberespaço, repleta de falta de comunicação e percepções distorcidas, principalmente em relação à proporcionalidade dos danos e às consequências dos ciberataques em outros domínios. O último cenário traz o problema de um declínio da legitimidade de governo dos Estados pelo mundo, devido a fraturas internas e interferências externas. Assim, cada contexto mostra um aspecto particular do conflito em 2035 e a natureza de potenciais adversários. Acredita-se que os EUA se envolverão em vários conflitos simultâneos e transregionais; por isso, as Forças Armadas serão desafiadas a proteger os interesses estadunidenses e a ordem global.