Israelenses se despendem do líder morto essa semana, aos 93 anos, em consequência de um AVC
Nascido em Vichnev, cidade que na época pertencia à Polônia e agora faz parte do território da Belarus, em 1923, Peres tinha 11 anos quando se mudou para o que então era a Palestina sob Mandato Britânico, onde se radicavam milhares de judeus com a intenção de estabelecer um Estado.
Peres viveu alguns anos em um kibutz próximo ao lago Tiberíades, onde fez o bacharelado, antes de aderir às juventudes operárias socialistas.Na década de 1950 se tornou o “pupilo” do criador do Estado Judeu em 1948, Davi Ben Gurion, para se lançar na política ativa em 1959, quando foi eleito pela primeira vez deputado no Parlamento, cargo renovado sucessivamente.
Aos 29 anos, quatro depois de seu encontro com David Ben Gurion, foi nomeado diretor-geral do ministério da Defesa, responsável pelas poderosas fábricas de armas e indústrias aeronáuticas israelenses. No Partido Trabalhista, do qual foi dirigente histórico durante anos, conseguiu apenas alternar a liderança do governo após o pleito de 1984, quando ocorreu um virtual empate com o conservador Likud, de Yitzhak Shamir. Peres assumiu o posto de primeiro-ministro, no qual ficou até 1986.
Após ser ministro do exterior no governo do trabalhista Yitzhak Rabin, assassinado em 1995, Peres exerceu novamente a função de primeiro-ministro de forma interina. Rabin e Peres foram os artífices da histórica declaração de princípios para negociar a paz, assinada por Israel com os palestinos em 1993. Um ano mais tarde, os dois e o líder palestino Yasser Arafat receberam o Prêmio Nobel da Paz.
Pacificador – Apesar de, durante o processo de Oslo (1993-2000), Peres ter sido visto como uma “pomba” da política israelense, após a explosão da última intifada ele se aliou com o carismático líder da direita Ariel Sharon – um “falcão”. Sua reputação internacional como pacifista, no entanto, foi pouco afetada.
Entre 2007 e 2014 assumiu a presidência israelense, instituição representativa sem poder executivo, mas com responsabilidade para fazer articulações entre os três poderes do Estado e o povo.Peres soube usar seus sete anos de mandato para promover uma mensagem a favor da paz, e em várias ocasiões rompeu sua neutralidade institucional a ponto de ser visto como o único opositor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Peres expressou a todo momento sua opinião em questões sensíveis como o processo de paz com os palestinos, as relações estratégicas com seu aliado americano ou o programa nuclear iraniano.