Quase 60% desses pedidos foram feitos no ano passado. A maioria para países da América Latina, principalmente Peru, Chile e Colômbia
Por G1
Mais de 414 mil venezuelanos deram entrada em pedidos de refúgio desde 2014, informou nesta sexta-feira (8) o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Desse total, 284 mil – ou seja, quase 60% – fizeram a solicitação em 2018.
Dois terços das solicitações foram registradas na América Latina, principalmente na Colômbia, no Peru e no Chile. O restante foi recebido na América do Norte e na Europa, segundo comunicado.
“No atual contexto de aumento das solicitações de asilo de venezuelanos em países vizinhos, incluindo ex-membros das forças de segurança [da Venezuela], o Acnur reitera a necessidade de manter o caráter civil e humanitário do asilo”, ressaltou.
A agência – que integra a ONU – esclareceu que os solicitantes de asilo são só uma parte dos 3,4 milhões de venezuelanos que deixaram o país nos últimos cinco anos por causa da crise. Esse número, inclusive, deve superar os 5 milhões no final de 2019.
O Acnur também lembrou que, independentemente dessas solicitações de refúgio, outros países da América Latina facilitaram 1,3 milhão de registros de trabalho e outras autorizações para venezuelanos acessarem serviços básicos, como saúde e educação.
Colapso na Venezuela
A Venezuela passa por colapso econômico e político agravado em 2013, ano em que Nicolás Maduro assumiu a Presidência do país pela primeira vez após a morte de Hugo Chávez. Desde então, a repressão a opositores e o caos econômico pioraram. Para se ter uma ideia, a inflação venezuelana passou de 1.000.000% em 12 meses.
No ano passado, Maduro venceu as contestadas eleições presidenciais – não reconhecidas pela oposição nem por parte da comunidade internacional. Assim, ao assumir o cargo em janeiro de 2019, a Assembleia Nacional – de maioria opositora – declarou o chavista um usurpador da Presidência e admitiu o presidente da casa, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.
Guaidó foi reconhecido por mais de 50 países – inclusive o Brasil e os EUA – e solicitou a chegada de ajuda humanitária internacional. Os carregamentos de comida e remédios, porém, foram bloqueados pelo regime de Nicolás Maduro, que considera a medida “um show” e um pretexto para uma invasão militar liderada pelo governo norte-americano.
Desde 22 de fevereiro, uma série de ações militares do exército venezuelano na Venezuela, próximo às fronteiras com Colômbia e Brasil, tentaram impedir a chegada de ajuda ao país. Houve mortes e veículos destruídos nos confrontos.