Ângelo Horto traçou um cenário de crise à recepção dos brasileiros no país
LUSA
O conselheiro das comunidades portuguesas eleito pelo Brasil, Ângelo Horto, afirmou nesta segunda-feira (14) que “uma quantidade enorme” de brasileiros, assim como portugueses que moram no Brasil, estão decidindo se mudar para o país europeu.
“É uma quantidade enorme. Eu não sei onde Portugal vai colocar tanto brasileiro, é impressionante. Todos querem vir para cá”, disse Horto, membro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CC-CCP), que iniciou hoje uma reunião de três dias, na Assembleia da República, em Lisboa.
Horto, nascido no Norte de Portugal e imigrante no Rio de Janeiro há 55 anos, afirma que os portugueses “que podem estão voltando para Portugal”.
Já entre a população brasileira, se mudam aqueles que têm uma aposentadoria com a qual consigam viver em Portugal ou que têm condições para obter o chamado ‘visto gold’ – modalidade que exige compra de imóvel no valor mínimo de 500 mil euros.
No Brasil “não há futuro”, afirma o conselheiro. “Todos aqueles que se imaginava que eram presidenciáveis, estão presos. É uma coisa muito triste. Hoje, para ser candidato tem de ser ‘ficha limpa’ e eu não consigo ver ninguém. Vamos ter eleições para Presidente da República, senador, governador, prefeito. Em quem votar”, pergunta.
Horto também comentou sobre as condições de serviço nos consulados portugueses no Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, “o serviço consular está muito mau, não se consegue agendar, não se consegue fazer a nacionalidade portuguesa, o próprio ‘site’ do consulado recomenda que as pessoas façam [os documentos] em qualquer conservatória” de Portugal, contou.
No entanto, alertou, em Portugal as conservatórias “não dão andamento aos processos que vêm de lá”. A mesma situação ocorre em consulados portugueses de todo o Brasil e de países da América Latina como Argentina e Venezuela. “A rede consular, a meu ver, teria de ser redimensionada”, avaliou.
O Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas realiza a sua reunião anual até quarta-feira (16) no parlamento português, tendo encontros marcados com o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, e com os deputados da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.