A Turquia condenou o texto aprovado pelo Senado francês pedindo o reconhecimento da República de Nagorno-Karabakh e o parlamento do Azerbaijão pediu a saída de França do Grupo de Minsk para a resolução do conflito naquela região separatista.
Em Brasília, a embaixada do Azerbaijão divulgou nota onde afirma que “a adoção de uma resolução totalmente tendenciosa pelo Senado só pode ser considerada uma provocação”. “Parece que os armênios franceses usam amplamente a questão do conflito para fins eleitorais”, acusa o documento do governo azerbaijano .
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia num comunicado disse que “a resolução votada pelo Senado francês é um exemplo do desprezo pelos princípios do direito internacional (…) por considerações de política interna” .
No texto que votou na quarta-feira, o Senado francês condenou “a agressão militar do Azerbaijão, realizada com o apoio das autoridades turcas e de mercenários estrangeiros”, e apelou à “retirada imediata” dessas forças armadas dos territórios tomados desde 27 de setembro.
A câmara alta do Parlamento francês também pediu uma “investigação internacional sobre os crimes de guerra cometidos em Nagorno-Karabakh” e convidou o Governo francês a tirar as consequências do “papel desempenhado pelas autoridades turcas”. A Turquia rejeitou essas acusações, chamando-as de “alegações infundadas”.
Ancara considerou ainda que o apelo do Senado para que o Azerbaijão se retirasse dos territórios conquistados foi “ridículo, tendencioso e fora de alcance”. O ministério turco sublinhou que essa votação não é vinculativa mas reflete a “obsessão turca” em França, e adianta que Ancara estava, contudo, pronta para trabalhar com Paris numa solução duradoura para o conflito.
A votação no Senado ocorreu no meio a tensões diplomáticas entre a França e a Turquia, nomeadamente relacionadas com divergências sobre a Síria, a Líbia e o Mediterrâneo Oriental. Já o parlamento do Azerbaijão exortou hoje o seu Governo a solicitar à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que exclua a França do Grupo de Minsk para a resolução do conflito em Nagorno-Karabakh, depois de o Senado francês pedir ao Governo de França que reconheça a independência do enclave separatista.
“O parlamento está a dirigir-se ao Governo do Azerbaijão com as seguintes propostas: pedir à liderança da OSCE que exclua a França do Grupo de Minsk e que reveja e analise em detalhe os laços económicos entre o Azerbaijão e França”, referiu num comunicado. O Grupo de Minsk para a solução do conflito em Nagorno Karabakh é copresidido pela Rússia, França e Estados Unidos.
Os deputados do Azerbaijão consideram a resolução aprovada quarta-feira pelo Senado francês “contrária às normas e princípios do direito internacional”, bem como “parcial”. Os legisladores lembraram ainda que a declaração assinada no início de novembro pelos Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, e pelo Presidente russo, Vladimir Putin, bem como pelo primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, que encerrou os conflitos em Nagorno-Karabakh, implica a implementação de quatro resoluções do Conselho de Segurança da ONU apoiado por França.
A região separatista é reconhecida internacionalmente como território do Azerbaijão, mas tem sido povoado e controlado por arménios desde a guerra dos anos 1990. Nagorno-Karabakh proclamou a sua independência do Azerbaijão há quase 30 anos, mas não foi reconhecida pela comunidade internacional.
Após seis semanas de combates que começaram em 27 de setembro deste ano, um acordo de cessação das hostilidades foi finalmente assinado em 09 de novembro, no momento em que a situação militar era catastrófica para a Arménia (aliada dos separatistas). Sob os termos do acordo, que entrou em vigor em 10 de novembro, a Arménia prometeu devolver vários distritos do Azerbaijão fora do controlo de Baku há 30 anos
Com informações do Notícias ao Minuto