Sete das mortes foram na Zona Sul, entre elas a avó e neta que foram soterradas em Botafogo. Outras três foram na Zona Oeste. Cidade continua em estágio de crise
Por G1 Rio, TV Globo e GloboNews
A tempestade que caiu no Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira (8), e que voltou em alguns momentos da terça (9), deixou ao menos dez mortos.
Sete das vítimas estavam na Zona Sul, entre elas a avó e a neta que tentaram fugir da chuva num táxi (veja quem são) e três na Zona Oeste (dois em Santa Cruz e outro no Jardim Maravilha).
De manhã, houve chuva forte em vários pontos e o Túnel Rebouças — que liga as Zonas Sul e Norte — foi fechado. A ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, caiu pela 4ª vez. Dezenas de ruas foram bloqueadas e, com o risco de queda de barreiras, outras dezenas de sirenes foram acionadas.
Ao longo da tarde, a chuva diminuiu. Ainda assim, bairros inteiros já estavam tomados pela água: na Zona Oeste, moradores se locomoviam em barcos e até de motos aquáticas. O Globocop sobrevoou regiões como o Jardim Maravilha, na mesma região, onde os moradores pediam socorro à aeronave. As casas ficaram alagadas até a cintura.
Chuva pode voltar à noite
Às 19h40, a prefeitura informou que núcleos de chuva moderada se formavam no Maciço da Tijuca ocasionando chuva na Tijuca e na Zona Oeste.
O município está em estágio de crise – o mais alto em uma escala de três – desde as 20h55 de segunda-feira. A recomendação da prefeitura é para a população evitar deslocamentos. Ao longo do dia, foram acionadas 59 sirenes em 36 comunidades.
Telefones úteis
O Corpo de Bombeiros atende no telefone 193 e auxilia em acidentes de trânsito e incidentes em elevadores, entre outros.
Riscos de desabamento, decorrentes de chuva ou não, devem ser informados à Defesa Civil Municipal ou Estadual, no telefone 199.
Cadastre seu celular no serviço gratuito de envios de alertas da Defesa Civil: basta mandar um torpedo para 40199.
Vítimas:
Guilherme N. Fontes, 30 anos, na Gávea;
Doralice do Nascimento, 55 anos, no Leme;
Gerlaine do Nascimento, 53 anos, no Leme;
Gilson, no Leme;
Leandro Ramos Pereira, de 40 anos, em Santa Cruz;
Marcelo Tavares, taxista, em Botafogo;
Lucia Xavier Sarmento Neves, 63 anos, no carro de Marcelo;
Júlia Neves Aché, 6 anos, neta de Lúcia, que estava ao lado dela;
Homem não identificado, encontrado no Jardim Maravilha;
Reginaldo Exidro da Silva, em Santa Cruz;
Mortes em Botafogo
A delegada Valéria Aragão, da 12ª DP, confirmou que os três corpos encontrados em um táxi na Avenida Carlos Peixoto, em Botafogo, Zona Sul do Rio, são da avó e da neta – além do motorista – que estavam desaparecidos ao saírem do RioSul. Policiais descobriram a localização por meio do sinal de GPS do táxi.
Mortes no Leme
No início da madrugada, um deslizamento de terra atingiu o Morro da Babilônia, no Leme, matando duas irmãs, que eram vizinhas. Um homem também foi resgatado. Informações iniciais apontam que ele teria ido resgatar as irmãs.
Os volumes registrados entre o fim da tarde de segunda e o início da manhã de terça superam os índices pluviométricos do temporal de 6 e 7 de fevereiro, quando seis pessoas morreram. No Jardim Botânico, por exemplo, caiu o dobro de água.
Morte na Gávea
Na noite de segunda, o temporal alagou ruas, derrubou árvores e destruiu carros. Segundo o comando do 23º Batalhão de Polícia Militar (Leblon), o corpo de um homem foi achado na Gávea, Zona Sul, debaixo de um carro. Na manhã desta terça, os bombeiros o identificaram como Guilherme N. Fontes, de 30 anos.
A causa da morte ainda não foi divulgada. Segundo testemunhas, Guilherme morreu afogado ao cair de moto, ser arrastado pela água que descia da Avenida Marquês de São Vicente, uma das principais do bairro, e ficar preso debaixo de um carro.
Mortes em Santa Cruz
De acordo com parentes, Leandro Ramos Pereira, de 40 anos, levou um choque enquanto limpava o ralo da residência em que morava, na Zona Oeste. Um outro homem foi encontrado em Antares, também em Santa Cruz, na tarde de terça.
Morte no Jardim Maravilha
O Corpo de Bombeiros encontrou o corpo de um homem no Jardim Maravilha, na Zona Oeste. Ainda não há detalhes.
A cidade entrou em estágio de atenção às 18h35 de segunda. Às 20h55, passou para o estágio de crise — o mais grave de três níveis de risco, segundo o Alerta Rio, sistema da prefeitura.
Em quatro horas, choveu mais no Rio do que nos dias 6 e 7 de fevereiro, quando seis pessoas morreram em consequência do temporal. A Defesa Civil informou em entrevista à GloboNews que foram feitas mais de 1,7 mil ocorrências.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê mais chuvas fortes com trovoadas até as 10h desta terça. A prefeitura recomenda que a população somente se desloque “em caso de extrema necessidade”.
Aulas suspensas
Devido aos estragos, que provocam dificuldade de deslocamento, além do risco de mais chuva, a prefeitura e o estado determinaram o cancelamento das aulas nas escolas da rede. Escolas particulares e universidades, como a PUC-Rio, também divulgaram que não terão aulas. Nesta quarta (10), o governo do estado e a prefeitura anunciaram a retomada das aulas.
Niemeyer fechada
Em entrevista à TV Globo, o prefeito Marcelo Crivella disse que a chuva foi “atípica” e a Zona Sul foi a região mais atingida. O prefeito, que se reuniu com secretários no Centro de Operações, disse que órgãos da prefeitura vão atuar para liberar as regiões com maiores problemas.
Crivella pediu ainda que a população evite ir até a Zona Sul da cidade nesta terça. O prefeito informou ainda que a Avenida Niemeyer, fechada após o temporal e a queda de novo trecho da ciclovia, deve seguir interditada.
Ciclovia desaba de novo
Por volta das 22h de segunda, um trecho da ciclovia Tim Maia caiu. Foi o quarto desabamento desde que ela foi inaugurada, em 2016. No primeiro, em abril do mesmo ano, duas pessoas morreram quando uma onda destruiu a via durante uma ressaca.
Em fevereiro do ano passado, em outro trecho, próximo ao túnel que liga São Conrado à Barra, também houve um desabamento. Em fevereiro deste ano, outra queda parcial, desta vez sem vítimas, durante outro temporal no Rio.
A queda desta segunda ocorreu quando a Avenida Niemeyer já estava fechada devido ao risco de deslizamentos. O procedimento tem sido realizado desde que duas pessoas morreram na via no temporal de 7 de fevereiro.
Recomendações
O estágio de crise é o terceiro nível em uma escala de três e significa “previsão de chuva forte, ocasionalmente muito forte nas próximas horas, podendo causar múltiplos alagamentos e deslizamentos, e transtornos generalizados em uma ou mais regiões da cidade”. Nesta situação as equipes emergenciais da Prefeitura já estão atuando.
A prefeitura recomenda que a população tome as seguintes ações preventivas:
- Os habitantes das áreas de risco devem se deslocar imediatamente para locais seguros
- Os moradores de áreas de encostas devem ficar atentos para indícios de ameaças de deslizamentos e estarem preparados para se deslocarem para locais seguros
- As pessoas que estiverem em locais seguros devem permanecer nestes locais até o cancelamento do alerta
- As vias urbanas que atravessam os maciços montanhosos da cidade e as áreas inundáveis devem ser evitadas
- Evite transitar em áreas alagadas e próximas a córregos, canais e rios sujeitos a transbordamentos
- Em casos de ventos fortes e/ou chuvas com descargas elétricas, evite ficar próximo a árvores, redes de distribuição de energia elétrica ou em áreas descampadas
- Se necessário, use os telefones de emergência 193 (Corpo de Bombeiros), 199 (Defesa Civil) ou 1746 (Central de Atendimento da Prefeitura).