O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que a moeda nacional perdeu valor e o risco país subiu nesta segunda-feira (12) porque os kirchneristas, com quem ele disputará eleições em outubro, não inspiram confiança nos mercados.
“Precisamos entender que o maior problema é que a alternativa kirchnerista não tem credibilidade no mundo, não gera confiança para que as pessoas venham investir. Eles deveriam fazer uma autocrítica”, afirmou o presidente, que concedeu uma entrevista coletiva após ser derrotado em prévias realizadas neste domingo (11).
Os argentinos realizaram ontem uma eleição primária, que serve de termômetro para a votação que ocorrerá em outubro. Essa prévia foi criada por lei em 2009. A ideia inicial é que ela seja o momento de escolha do candidato de cada chapa. Mas, como não houve concorrência interna em nenhuma coligação neste ano, o voto valeu mais como uma pesquisa eleitoral.
Alberto Fernández, candidato opositor que tem Cristina Kirchner como vice na chapa, teve 47,66% dos votos – para vencer as eleições no primeiro turno, em outubro, ele precisará ter 45%. Macri terminou com 32,09% dos votos.
Com a derrota do presidente nas prévias, o dólar disparou e a bolsa despencou. O governo tentou conter a desvalorização do peso, fez um leilão de US$ 105 milhões e elevou a taxa básica de juros a 75% para evitar a fuga de investidores. Ainda assim, o valor da moeda argentina derreteu 15% em um único dia. No fim do dia, um dólar valia 53,5 pesos. A bolsa despencou quase 40%.
“Isso é só uma amostra do que pode acontecer, o mundo vê isso como o fim da Argentina”, afirmou Macri.
‘Bronca acumulada’
Macri iniciou sua entrevista coletiva com a afirmação de que o mau desempenho nas urnas é uma “bronca acumulada” pela “dureza” econômica que as famílias enfrentam nos últimos anos.
Segundo ele, a mudança que ele propõe leva tempo. Para que as vidas das pessoas melhorem, é preciso ter empregos, e para isso é preciso que alguém decida investir no país, o que exige um governo que inspire confiança, afirmou.
Macri foi perguntado se não seriam as suas próprias alegações, e não a oposição, que prejudicam a economia argentina, e respondeu que os kirchneristas é que mostram não ter compromissos com investidores.
Ele, então, mencionou o Brasil: em 2002, houve uma saída de capitais quando ficou evidente que o vencedor das eleições seria Lula. Macri afirmou que era uma situação diferente, porque o PT nunca tinha governado. “O kirchenrismo já governou, e eles precisam fazer mais para provar [aos investidores]”.
Segundo turno
Macri afirmou ainda que não fará mudanças no seu governo e demonstrou otimismo para reverter a derrota.
Ele disse que espera, até o dia 27 de outubro, quando acontecerá o primeiro turno, convencer os eleitores a votar nele e que consiga, no segundo turno, a vitória.