Embaixador do país árabe enumera setores da economia brasileira que podem captar investimentos do emirado. Ratificação de acordo assinado em 2010 facilitaria esse movimento.
André Barros/ANBA
O gerente de relações governamentais da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o embaixador do Kuwait, Ayadah Alsaidi
São Paulo – O Kuwait tem interesse em realizar mais investimentos no Brasil. Em visita à Câmara de Comércio Árabe Brasileira na sexta-feira (01), o embaixador do emirado em Brasília, Ayadah Alsaidi, citou alguns setores da economia brasileira em que empresários kuwaitianos enxergam oportunidades, como segurança alimentar, energia renovável, mineração, petróleo e o setor financeiro.
Para isso, porém, o governo brasileiro precisa acelerar a tramitação da Emenda ao Acordo de Cooperação entre o Brasil e o Estado do Kuwait, que está travada no Congresso desde, pelo menos, 2010, quando foi assinado por representantes dos dois países. “O parlamento do Kuwait ratificou esse acordo em 2011, mas no Brasil ainda não houve a aprovação. Além de fortalecer a relação econômica, ele abre portas para investimentos do Kuwait aqui”, disse o embaixador em entrevista à ANBA.
Recentemente, Alsaidi reuniu-se com o senador Fernando Collor (PTC-AL), que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal, e com a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), que preside a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados. Recebeu a promessa de que o tema será discutido, mas não do prazo para a sua aprovação.
Independentemente disso, o embaixador do Kuwait discute a realização de um Fórum Econômico Brasil-Kuwait, reunindo empresários dos dois países. De início, seria organizado no ano que vem, com apoio da Câmara Árabe, que deverá sediar o evento. Na entidade, o diplomata foi recebido pelo presidente Rubens Hannun, pelo diretor-geral Michel Alaby e pelo gerente de Relações Governamentais Tamer Mansour.
O governo do país árabe enviou também ao presidente do Brasil, Michel Temer, um convite para que ele visite o Kuwait. Em maio deste ano, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, esteve lá com uma comitiva, e reuniu-se com ministros locais. “Esperamos que em breve o nosso ministro possa retribuí-la”, afirmou o embaixador.
Na ocasião, a comitiva brasileira reforçou argumentos sobre a segurança e a qualidade da carne, o principal item da pauta de exportação do Brasil para o Kuwait – e que havia gerado rumores por conta da Operação Carne Fraca realizada pela Polícia Federal em março. O embaixador destacou, porém, que o Kuwait confia no produto brasileiro. “Não houve embargo, apenas restrição para importar os produtos dos frigoríficos diretamente investigados”, disse.
Outras áreas – Alsaidi comentou também sobre o Fundo do Kuwait para o Desenvolvimento Econômico Árabe, um fundo criado com orçamento proveniente do petróleo local e que visa ajudar projetos sociais e econômicos em outros países. Segundo o embaixador, algum estado ou cidade brasileira que desejar construir um hospital, por exemplo, poderá pedir ajuda ao fundo, que empresta dinheiro com juros inferiores a 4% ao ano.
“O Brasil nunca pediu ajuda desse fundo”, lamentou o embaixador. O fundo kuwaitiano já financiou projetos em 106 países como Angola, Cabo Verde, Honduras, Cuba, Nicarágua e até na Argentina. Segundo o embaixador, os recursos estão disponíveis também para os brasileiros.
Na área cultural, há um projeto – também em parceria com a Câmara Árabe – de organizar um Festival de Cultura do Kuwait em São Paulo. O local já está até definido: a Biblioteca Parque Villa Lobos, na zona Oeste da capital. Segundo o embaixador, ele deverá ser realizado em 2018.
Por fim, o embaixador ressaltou a parceria que Brasil e Kuwait têm na área esportiva. “Há intercâmbio de atletas, treinadores, professores de Educação Física”, disse. “Temos muito apoio do ministro dos Esportes, Leonardo Picciani.”
Alsaidi completará na semana que vem 4 anos como embaixador do Kuwait em Brasília. Essa é a sua primeira experiência no cargo. Antes, morou em Nova York, Roma, Bangkok e Sofia por conta de sua carreira diplomática.