Os italianos irão às urnas no domingo (20/9) e na segunda-feira (21/9), apesar do ressurgimento do coronavírus na Europa, para votar um referendo e em eleições regionais com a atenção voltada para Toscana, um bastião histórico de esquerda que a extrema direita de Matteo Salvini espera conquistar.
Inicialmente previstas para o final de março, essas duas votações foram adiadas em várias ocasiões, devido à pandemia. Na Itália, são cerca de 36 mil mortes por covid-19. O governo decidiu dividir a votação em dois dias para evitar aglomerações.
Segundo alguns cientistas políticos, estas eleições regionais terão um valor menor como teste nacional. Isso se deve ao fato de a saúde ser competência das regiões, o que leva os eleitores a julgarem a gestão da pandemia por parte de suas autoridades locais, e não pelo governo nacional.
Sete regiões – no total de mais de 20 milhões de habitantes – devem eleger seus presidentes. Todos os olhares estão voltados para três lugares, onde uma vitória da direita pode abalar o governo de Giuseppe Conte, formado por uma coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) e o Partido Democrata (PD, centro esquerda).
As regiões em questão são Campânia (sudeste), cuja capital é Nápoles e onde o PD é favorito; Apúlia (sudoeste), onde o atual presidente, também do PD, está lado a lado com o candidato da direita; e principalmente Toscana (centro-oeste), bastião da esquerda há mais de meio século e onde as pesquisas não marcam diferenças entre os candidatos de esquerda e de direita.
As outras quatro regiões com eleições são Vale de Aosta (noroeste), Vêneto (nordeste), Ligúria (noroeste) e Marcas (centro-leste). A coalizão de extrema direita composta pela Liga de Matteo Salvini (extrema direita), pelos Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni (extrema direita), e pela Forza Italia (direita), de Silvio Berlusconi, apresenta-se unida em todas as regiões.
Já a coalizão governamental – PD e M5S – surge dividida em todos os casos, exceto na Ligúria, aonde chegaram a um acordo para um candidato único. Todo arco político concorda em que os resultados – que serão conhecidos na noite de segunda-feira – não terão influência no destino do governo.
Alguns especialistas consideram que é cedo para realizar essas eleições, em um momento em que os casos de coronavírus aumentam, apesar de, na Itália, os números estarem em torno de 1.500 novos casos diários. É muito abaixo dos registrados hoje na França, Espanha e Reino Unido.