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De vinhedos semelhantes a este temos além da rainha do pedaço, a Nebbiolo, que nos trará o Estilo de Vinho Encorpado e de Guarda, as princesas, Dolcetto e Barbera. Estas duas vinhos nos brindam com vinhos tintos Estilo Frutado a Sedoso, este mais raramente.
Lembrando que nos vinhos tintos o equilíbrio perfeito não será apenas entre acidez e álcool, como nos brancos, mas, sim, entre três elementos básicos: Fruta, Acidez e Taninos. Veja aqui em detalhes. Se neste equilíbrio a fruta se sobressair, principalmente aos taninos teremos um tinto frutado. Lembro que temos dois tipos de tinto frutado.
Se o terroir é de regiões mais quentes como sul da Europa, por exemplo, os tintos da borda do Mediterrâneo onde teremos mais álcool e fruta com acidez menor. E aqueles de regiões mais frias, como Borgonha, França e Piemonte, Itália onde eles preservam a fruta, mas com uma ponta de acidez e, por consequência, menos sensação de álcool na boca.
Estes tintos frutados, sejam de regiões mais quentes ou mais amenas, têm em comum a preservação da fruta na boca. Raramente passam por barrica. Quando passam são barricas de segundo e terceiro uso e por pouco tempo. Tudo para que se preserve o frescor destes vinhos. Lembrando que quanto mais acidez tiver mais vocacionados aos pares culinários o vinho será. Acidez equilibra o salgado dos pratos além de “limpar” a boca dando melhores condições de harmonização com os pratos.
E casam bem com que tipo de pratos? Estamos na Itália, vão bem com massas com molhos brancos ou vermelhos (tomates) de preferência aqueles com mais gordura, como os molhos vermelhos com carnes picadas, por exemplo. Outro par perfeito são as combinações com as pizzas. Aqui, no Piemonte, as pizzas têm ingredientes mais pesados como linguiças, carne de gado picada ou mesmo lombinho de porco. Outro ingrediente a ser levado em conta são os funghi (cogumelos) de sabor mais intenso, típico da culinária piemontesa.
Claro que o casamento perfeito destes Tintos Frutados é com os risotos italianos bastante comuns nos bons restaurantes. Podem usar e abusar deles com os Tintos Frutados, desde o mais leves até os mais pesados com molhos vermelhos e carne.
DICA: Uma das melhores combinações com tintos frutados são pratos que tenham gordura de queijos como gorgonzola (da vizinha Lombardia), parmesão, parmigiano (da Emilia-Romagna) e muito encontrável no Brasil. Ou mesmo a nossa versão da mozzarela, porém com leite de vaca e usado em quase 100% das pizzas brasileiras. O casamento desta gordura de média intensidade com os leves taninos e a acidez dos frutados é perfeita.
As principais uvas que nos brindam com Tintos Frutados são:
GAMAY: Hoje a Gamay domina a região sul da Borgonha, como toda a uva que produz muito e sendo mal conduzida pode levar a vinhos bastante simples. Bem trabalhada produz vinhos com baixo potencial de taninos, bastante frutada, aromática e com acidez marcante, alguns produtores a vinificam para que possam ter mais tempo de garrafa. Para mim não importa, gosto dos Beaujolais justamente por serem vinhos novos, agradáveis e excelentes companheiros para longas conversas sem compromisso. Algumas uvas determinam este estilo de vinho. São clássicos vinhos frutados.
PINOT NOIR: Uma nobre representante dos vinhos frutados, principalmente, os Village de Côte D’Or ,os Pinot de regiões mais frias como Central Otago, Nova Zelândia, Casablanca, Chile e Patagônia, Argentina. Uva de casca fina, com pouca carga de taninos, que vêm de regiões mais frias, ganha menos açúcar, consequentemente, menos percentual de álcool privilegiando, assim a fruta.
MALBEC: Apesar de sua excelente quantidade de taninos, novas técnicas de vinificação, mas principalmente, de condução (poda) dos vinhedos, em especial em locais mais altos ou em micro-climas mais frios, começamos a ter uvas Malbec com mais fruta, mais acidez, portanto menos álcool e taninos mais contidos. Na Argentina já temos este estilo de Malbec frutado que tem caído muito bem no gosto dos consumidores por ser um vinho para ser bebido jovem. Com excelentes aromas frutados de cereja, morangos e amora. Leves e ideais para acompanhar pratos com massa e molhos vermelhos. Até mesmo serem servidos um pouco mais gelados. E viva a diversidade.
GARNACHA: Tradicional uva do centro nordeste da Espanha, como tem maturação tardia, precisa de muito sol e calor para estar pronta a vinificação. Desceu para o litoral espanhol e com a expansão, do então Reino da Catalunha, passou a ser plantada na França com o nome de Garnacha.
ALFROCHEIRO E TOURIGA NACIONAL: Portugal tem uma região que produz, neste estilo, vinhos de elite, o Dão. Região montanhosa entre o litoral, Bairrada e o interior o Douro. Aproveita os frios ventos do Atlântico para refrescar seus vinhedos no verão o que garante vinhos com boa dose de acidez e fruta. Somam-se as casta locais como a Alfrocheiro e a onipresente Touriga Nacional, entre outras, garantindo todas as qualidades de um bom vinho tinto para a esta época, principalmente no preço.
BARBERA E DOLCETTO: As italianíssimas uvas típicas do Piemonte, norte da Itália. A Barbera nos traz um vinho de cor vermelho escuro, aromas que puxam mais para o apimentado, na boca um pouco mais de força e acidez, mais rústico, bem ao estilo italiano, mas imbatível com uma boa pizza com queijos fartos ou um risoto ao molho de carne com um bife de alcatra, show.
A Dolcetto, apesar do nome, docinho, nada tem de doce, muito pelo contrário, seus aromas de frutos vermelhos e a acidez garantem um vinho bem refrescante e companheiro para os pratos com molhos branco se e carnes mais suaves como frango. Um Barbera que recomendo muito é este da Vinícola Angheben de Bento Gonçalves, Brasil. Um verdadeiro clássico. Safra a safra a qualidade se mantém.
A culinária do Piemonte.
A grande estrela da gastronomia piemontesa, além das trufas, maravilhosas e casas, são os risotos. O riso (arroz) piemontês é a vedete. Há múltiplas receitas com ele. Vindos da península ibérica encontrou no vale do rio Pó condições ideais de desenvolvimento. Cada qual tem sua receita. Porém, a maioria delas leva boas doses de manteiga, caldos e molhos de carne mais consistentes.
Pratos com risoto no Piemonte são muito mais comuns que a popular pizza. Por fim levam, estes risotos, boas doses de queijo ralado por cima o que favorece, ainda mais, um bom frutado, como as piemontesas Barbera e Dolcetto, a Malbec, a Garnacha e a dupla Gamay e Pinot Noir, originárias de Borgonha, França. A primeira espalhada pelo mundo. Experimente um risoto italiano ao funghi, por exemplo, com um bom Pinot Noir de Casablanca, Chile. Ou ainda um risoto ao molho de carne com um Malbec frutado, delícia. Um bom vinho Barbera estilo globalizado que recomendo é este elaborado pela Vinícola Angheben de Bento Gonçalves, Brasil.
Fonte: Peter Wolffenbuttel/alemdovinho.wordpress.com
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