Uma operação realizada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel retirou na última semana 56 pessoas que estavam sem conseguir sair da Bolívia, por causa da pandemia do novo coronavírus.Entre os que saíram 24 eram brasileiros, 23 israelenses, três australianos, dois canadenses, dois de Singapura e dois húngaros.
A operação foi coordenada pela embaixada de Israel em Brasília, com o conhecimento do Itamaraty, e contou com a colaboração do governo boliviano, conforme informou ao R7 Royi Ende, cônsul e administrador da embaixada.
“Foi uma operação complexa. Fui contatado por um israelense que não conseguia ultrapassar a fronteira com o Brasil no Mato Grosso, por causa do fechamento. Pedi que centralizasse os contatos e, por rede social, avisasse a todos os israelenses no país para o contararem. Também recebi mensagens de familiares. Organizamos com o governo boliviano, por meio de uma conexão que temos, e com a embaixada do Brasil em La Paz, e planejamos uma maneira deles saírem da Bolívia. A situação lá está muito difícil por causa do coronavírus.”
Os viajantes foram retirados por um avião particular, providenciado com a articulação da Embaixada de Israel no Brasil, de cinco pontos diferentes na Bolívia, até a cidade de Santa Cruz de la Sierra. Em seguida, decolaram em um avião do exército boliviano para o Aeroporto Internacional de São Paulo. Cada estrangeiro, então, aproveitando o fato de que o aeroporto de Guarulhos era um dos únicos abertos, rumou para seu país.
Mais pessoas – No início, não se sabia ao certo o número de vagas no voo, já que se tratava de um avião militar boliviano. Ende contou, no entanto, que, ao saber da possibilidade de levar mais pessoas do que o previsto inicialmente, deu aval para a entrada dos brasileiros, após ser informado da situação deles pelo Itamaraty, e para os cidadãos dos outros países.
“Falamos ao Itamaraty que faríamos de tudo para cooperar e fizemos. Para nós é muito importante fazer com que mais pessoas fossem retiradas. Em Israel, há uma frase em hebraico que diz que cada vida é um mundo. Cada pessoa tem muita importância. São famílias que estão apreensivas. No Brasil, já cooperamos na ajuda às pessoas em Brumadinho, em conter os incêndios na Amazônia e agora na retirada dos brasileiros. Quanto mais pudermos fazer para ajudar, iremos fazer”, ressaltou.
Os viajantes fizeram parte do primeiro grupo de estrangeiros autorizados a deixar a Bolívia desde o fechamento do país por causa da propagação do novo coronavírus. As situação foi facilitada pelo fato de Israel e Bolívia terem reatado as relações diplomáticas em novembro de 2019.
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, se manifestou, em nota, a respeito da operação. “Instruí os funcionários do Ministério das Relações Exteriores a fazer o máximo possível para ajudar os israelenses a retornarem a Israel durante este período difícil da crise do corona, e hoje vimos as capacidades do ministério e a importância dos laços que os diplomatas israelenses em todo o mundo criam para cada cidadão de Israel. Este é o espírito de garantia mútua que caracteriza Israel.”