Neste sábado (7), Ismail Haniyeh foi eleito para chefiar o gabinete político do movimento fundamentalista Hamas, no poder na Faixa de Gaza, anunciaram os veículos de comunicação do movimento islamita. É a primeira vez que um líder de Gaza é eleito.
Nascido em 1963, Haniyeh sucede Khaled Mechaal, que cumpriu o máximo de dois mandatos autorizados pelo movimento. Haniyeh venceu esta eleição contra Mussa Abu Marzuk e Mohamed Nazzal, após uma votação por videoconferência dos membros que formam o conselho da Shura em Gaza, na Cisjordânia e fora dos territórios palestinos. Um porta-voz do Hamas em Doha, o exilado Khaled Mechaal, confirmou a eleição de Haniyeh.
Ao contrário de seu predecessor que vivia no exílio no Catar, Haniyeh permanecerá no pequeno enclave de Gaza, sob bloqueio israelense há mais de uma década, para dirigir o Hamas. Todos os outros líderes do movimento viveram fora dos territórios palestinos.
Mudança histórica da visão de Estado palestino e fronteiras – O anúncio da nova liderança do Hamas acontece apenas alguns dias após o movimento anunciar pela primeira vez em sua história uma mudança em seu programa político, dizendo aceitar um Estado palestino limitado às fronteiras de 1967. O texto insiste sobre o caráter “político” e não “religioso” do conflito com Israel, refletindo o pragmatismo de Haniyeh.
Embora sem reconhecer o Estado judeu, o Hamas estima que “um Estado palestino plenamente soberano e independente dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém como capital, (…) é uma fórmula de consenso nacional”. O Estado hebreu, que combateu o Hamas em três guerras entre 2008 e 2014, os Estados Unidos e a União Europeia, consideram este movimento como um grupo “terrorista”.
De acordo com especialistas, com as mudanças realizadas em seus textos fundadores, denunciados por muitos como “antissemitas”, o Hamas tenta voltar para o jogo das negociações internacionais. “Mechaal já havia aberto uma nova fase de abertura à comunidade internacional. Haniyeh vai continuar neste caminho”, afirmou neste sábado Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas em Gaza.
Essas mudanças nos Hamas acontecem no momento em que o presidente palestino, Mahmud Abbas, líder do Fatah, o movimento rival ao Hamas, é severamente criticado pelos palestinos, que denunciam a corrupção nas instituições. Enquanto as negociações de paz entre israelenses e palestinos estão paralisadas, Abbas reuniu-se pela primeira vez esta semana em Washington com o seu homólogo americano Donald Trump, que mostrou seu otimismo sobre um acordo, mas sem dizer nada de concreto.
(Informações AFP)