Em um discurso na segunda-feira, o guia supremo iraniano Ali Khamenei afirmou que seu país tinha “o dever de se preparar rapidamente” para aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio
Agência France-Presse
O Irã confirmou nesta quarta-feira em Viena que realiza “trabalhos preparatórios” com o objetivo de reativar seu programa nuclear em caso de fracasso do acordo de 2015 com as grandes potências após a retirada de Washington em maio.
Teerã começa “trabalhos preparatórios no caso do JCPOA (abreviatura oficial do acordo) fracassar, para que assim o Irã possa reviver as suas atividades sem restrições ligadas ao JCPOA”, declarou seu embaixador à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Reza Najafi.
O diplomata confirmou que o seu país notificou a agência que pretendia retomar a produção de gás UF6, utilizado para o enriquecimento de urânio.
O vice-presidente iraniano, Ali Akbar Salehi, anunciou na terça-feira que a República Islâmica também desejava fabricar novas centrífugas para aumentar sua capacidade de enriquecimento.
O representante iraniano na AIEA convidou os signatários do acordo, especialmente os europeus, a encontrar “muito rapidamente” uma solução para “compensar” os efeitos econômicos da retirada dos Estados Unidos. Se não, o Irã “não aceitará continuar respeitando seus compromissos”, acrescentou.
Em um discurso na segunda-feira, o guia supremo iraniano Ali Khamenei afirmou que seu país tinha “o dever de se preparar rapidamente” para aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio.
O enriquecimento de urânio permite produzir combustíveis para usinas nucleares que produzem eletricidade atômica ou outras aplicações civis, particularmente na medicina. Mas o urânio altamente enriquecido e em quantidade suficiente permite a fabricação de uma bomba atômica.
Os Estados Unidos e Israel acusam o Irã de querer fabricar uma bomba atômica, mas o Irã rejeita essas acusações dizendo que seu programa tem um objetivo pacífico e civil.
O acordo sobre o programa nuclear do Irã, assinado entre Teerã e o Grupo 5+1 (China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), permitiu o retorno do Irã à comunidade internacional após anos de isolamento e um levantamento das sanções internacionais em troca de uma drástica redução em suas capacidades atômicas.