“A UE não se esquece da situação terrível da população do Iémen, que está outra vez à beira da fome, depois de ter lidado com o fardo da pior crise humanitária do mundo”, reagiu, em comunicado, o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic.
Segundo o responsável, as verbas hoje anunciadas serão “essenciais” para manter a ajuda que “salva a vida a milhões de pessoas”, que estão “exaustas” depois de um “ano desastroso”, marcado por “conflitos, a covid-19 e o aprofundamento do colapso económico”.
“As partes do conflito precisam de facilitar o acesso das organizações humanitárias àqueles que mais precisam e evitar mais sofrimento de civis. Agora, mais do que nunca, é crucial que o Direito Internacional Humanitário, e o acesso sem restrições aos mais necessitados, seja garantido”, lê-se no comunicado do comissário.
A Comissão informa que a ajuda humanitária servirá para “continuar a fornecer comida, cuidados de saúde, assistência financeira, água e saneamento, e educação”, assim como “apoios vitais para os refugiados do conflito e os que estão em situação de extrema necessidade”.
Segundo estatísticas apresentadas pelo executivo comunitário, mais de dois milhões de crianças e um milhão de mulheres grávidas ou mães no Iémen irão “sofrer de má nutrição aguda em 2021”, enquanto, simultaneamente, “o aumento das hostilidades força milhares de famílias a deixarem as suas casas”.
Além disso, baseando-se em dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, a Comissão Europeia informa que, dos 30,5 milhões de iemenitas, cerca de 20,7 milhões precisam de assistência humanitária. Desde 2015, a UE já alocou 981 milhões de euros ao Iémen, entre os quais 648 milhões no quadro de assistência humanitária.
O Iémen é palco de uma guerra desde 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados por Teerão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que desde março de 2015 é apoiado por uma coligação militar internacional árabe, cujo principal pilar é a Arábia Saudita.
Em 2014, os Huthis tomaram a capital iemenita, Sanaa, e grande parte do norte do país. A guerra já causou cerca de 130 mil mortos, sobretudo civis, e provocou a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU. Em outubro passado, a edição de 2020 do Índice Global da Fome (IGF) colocou o Iémen entre os países no mundo que mostram níveis alarmantes de fome.