Em meio a denúncias de irregularidades, Comissão Eleitoral começa a divulgar os resultados
Notícias ao Minuto Brasil
O candidato do principal partido de oposição do Zimbábue acusou nesta quarta (1º) a sigla governista Zanu-PF de tentar manipular as eleições presidenciais e parlamentares do país, depois que dados oficiais indicaram que a legenda do presidente Emmerson Mnangagwa conquistou maioria parlamentar.
O candidato de oposição Nelson Chamisa, 40, e Mnangagwa, 75, foram os principais candidatos da eleição de segunda-feira (30), a primeira desde que o ditador Robert Mugabe foi forçado a renunciar em novembro após quase 40 anos no poder.
Os resultados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral mostram que o Zanu-PF conquistou 109 das 210 cadeiras na Câmara, contra 41 do MDC de Chamisa -58 vagas continuam indefinidas. A expectativa da oposição era ficar à frente da sigla governista.
Não foram divulgados ainda, porém, os resultados da eleição presidencial. Pesquisas divulgadas antes da votação mostravam Mnangagwa com 40% das intenções de voto e Chamisa com 37%. Caso ninguém conquiste a maioria, haverá um segundo truno em 8 de setembro.
Nas redes sociais, Chamisa acusou a comissão de divulgar os resultados da eleição parlamentar antes para preparar a população para uma vitória de Mnangagwa na disputa pela Presidência.
“A estratégia tem como objetivo preparar o Zimbábue mentalmente para aceitar resultados presidenciais falsos. Nós temos mais votos do que EM (Emmerson Mnangagwa). Nós ganhamos o voto popular e vamos defendê-lo”, escreveu.
Mnangagwa, que durante anos foi o responsável por comandar as forças de segurança do país, assumiu a Presidência em novembro do ano passado no lugar de Mugabe, que foi forçado a renunciar pelos militares –ele estava no poder desde 1980.
Apesar de serem ex-aliados e de ambos estarem no mesmo partido, o Zanu-PF, o ex-ditador anunciou que apoiava a oposição, sem especificar se iria votar em Chamisa ou em outro candidato.
Assim que os resultados parciais da eleição para o legislativo foram anunciados, um grupo com cerca de 100 oposicionistas se dirigiu para protestar em frente ao hotel onde está sendo feita a contagem dos votos, na capital Harare. Policiais também foram enviados ao local e até o momento não há registro de confrontos.
A oposição diz que a Comissão Eleitoral desrespeitou as regras porque não publicou os números da votação em cerca de 20% dos colégios eleitorais do país, medida obrigatória por lei. A suspeita do grupo é que os resultados destes locais sejam manipulados pelo governo.
Grupos africanos de observação da eleição disseram que as votações foram pacíficas, organizadas e amplamente em linha com a lei, mas levantaram preocupações sobre a imparcialidade da mídia estatal e da Comissão Eleitoral do país.
Os observados da União Europeia fizeram uma análise semelhante e disseram que não entendem a demora para a publicação dos resultados. Eles criticaram o controle da imprensa, a falta de transparência da votação e a intimidação dos eleitores, mas afirmaram que a realização do pleito mostrou um avanço da democracia no país.