Não houve bombardeios após anúncio de acordo de não agressão. A terça-feira foi o dia mais hostil na fronteira desde 2014
Cristina Charão, do R7, com Reuters
A fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza teve uma manhã mais calma nesta quarta-feira (30), após o anúncio de um acordo de cessar-fogo feito por autoridades do Hamas, grupo que controla Gaza. Israel teria aceitado suspender ataques a supostas posições militares do outro lado da fronteira enquanto não houver novas agressões por parte dos grupos armados do Hamas e também da milícia Jihad Islâmica.
Uma autoridade palestina disse que a mediação egípcia levou a um cessar-fogo, mas que os termos do “entendimento” não foram além de “uma restauração da calma dos dois lados”.
“Depois que a resistência teve sucesso em confrontar a agressão (israelense)… houve muita mediação nas últimas horas”, disse o vice-líder do Hamas em Gaza, Khalil al-Hayya, reconhecendo os esforços do Egito.
“Chegou-se a um acordo para voltar aos entendimentos do cessar-fogo (de 2014) na Faixa de Gaza. As facções da resistência o cumprirão contanto que a Ocupação faça o mesmo”, disse Hayya em um comunicado, usando o termo dos grupos militantes para Israel.
Israel não chegou a anunciar nenhuma trégua formal com o Hamas e a Jihad Islâmica — que, assim como o Ocidente, vê como organizações terroristas.
Mas os israelenses lançaram novos ataques nesta quarta-feira e sinalizaram que estão preparados para cessar as hostilidades se os disparos através da fronteira forem encerrados. Autoridades de Israel declararam que os militantes sofreram um golpe duro.
O acordo provisório surtiu efeito e nenhuma explosão foi ouvida nas cidades ao sul de Israel, nem no lado de Gaza, após as 9h do horário local (3h no horário de Brasília).
Autoridades no sul de Israel, onde sirenes de alerta de foguetes soaram com freqüência desde que foguetes palestinos começaram a ser lançados na manhã de terça-feira, disseram que as escolas abririam como de costume.
Terça-feira de hostilidades
Ao longo da terça-feira, houve pelo menos 100 lançamentos de foguetes e morteiros partindo de Gaza em direção a cidades israelenses. A maioria dos foguetes foram interceptados pelo sistema de defesa anti-aérea israelense e poucos morteiros tocaram o solo, provocando pequenos danos e ferindo levemente três soldados.
As Forças Armadas de Israel responderam com ataques aéreos contra o que seriam 25 alvos militares. Não há relatos de vítimas em Gaza.
Resposta a mortes em protestos
As alas armadas do Hamas e da Jihad Islâmica reivindicaram a responsabilidade pelo lançamento de morteiros em direção a Israel. Os ataques seriam uma resposta à morte de dezenas de palestinos por Israel desde 30 de março, a maioria deles em protestos nas fronteiras de Gaza.
O ministro da Inteligência israelense, Israel Katz, disse que não está interessado em uma escalada para a guerra.