A França se prepara para repatriar 150 filhos de jihadistas presas na Síria. As crianças, que têm menos de 5 anos em sua maioria, voltarão sozinhos, sem seus pais, para o território francês.
Por RFI
A França se prepara para repatriar 150 filhos de jihadistas presas na Síria, de acordo com uma fonte que trabalha no caso. A decisão marca uma mudança na posição francesa sobre esse delicado assunto no país. As crianças, que têm menos de 5 anos em sua maioria, voltarão sozinhos, sem seus pais, para o território francês.
O percurso de volta para essas crianças, que estão detidas no Curdistão sírio, promete ser longo. Para que elas possam retornar, é preciso, em primeiro lugar, que suas mães aceitem se separar e assinar um acordo de repatriação.
A França, que não reconhece oficialmente o Curdistão sírio e seu sistema judiciário, deseja no entanto que as mães jihadistas sejam julgadas no local, para evitar que elas retornem ao território francês.
Processo promete ser complexo
Para as crianças cuja repatriação for aceita, ainda existe outro obstáculo: a saída da área onde elas se encontram. O trânsito dentro da Síria será difícil, já que a França cortou relações com o regime de Damasco.
Uma repatriação pelo Curdistão do Irã também promete ser complicado, tendo em vista os conflitos entre os curdos iraquianos e sírios. A opção restante é a fronteira turca, mas ainda é incerto se Ancara aceitará a passagem de crianças oriundas da Síria, regime que a Turquia combate.
No fim de todos os percalços, o protocolo para as crianças repatriadas, uma vez que elas chegarem na França, já foi bem estabelecido. Elas passarão por um exame médico e serão registradas na Ajuda Social da Infância, para serem encaminhadas a uma família adotiva.
A RFI entrevistou Sophie Mazas, advogada de uma francesa presa com suas crianças em território curdo, que afirma que sua cliente já se mostrou feliz com o fato de que seus filhos serão repatriados.
“Atualmente, nos acampamentos do Norte da Síria, a situação é muito difícil para as crianças. O inverno está chegando e as condições são precárias, por ser uma área de guerra”, disse. Ela lamenta que as mães serão separadas das crianças e afirma que o Estado as “abandonou deliberadamente” em uma zona de conflito.